No exterior, a renovação da expectativa por vacina para Covid-19 e, aqui, a trégua entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), firmada em jantar na noite de ontem, encaminhavam o Ibovespa a emendar sessão positiva, após o avanço de 2,21% na anterior, que havia sido o maior desde 1º de setembro. No meio do caminho, a rejeição do presidente dos EUA, Donald Trump, à proposta de pacote fiscal dos democratas e a orientação dada aos republicanos de que suspendam as conversas sobre novos estímulos até a eleição de 3 de novembro, inverteram o sinal em Nova York, levando consigo o Ibovespa, que depois passou a limitar as perdas em relação à referência americana, chegando mesmo a oscilar de volta a terreno positivo antes do encerramento.
Ao final, com queda em NY acima de 1%, o índice da B3 apontava baixa de 0,49%, a 95.615,03 pontos, com mínima a 95.211,05, saindo de 96.091,15 na abertura. Na máxima desta terça-feira, o Ibovespa retomou o nível dos 97 mil pela primeira vez desde 25 de setembro, hoje aos 97.404,54 pontos. O giro financeiro de hoje, a R$ 26,9 bilhões, superou com folga o do dia anterior, que havia ficado abaixo de R$ 22 bilhões. Na semana, o índice avança 1,70%, com ganho a 1,07% em outubro e perda a 17,32% no ano.
Contribuindo para que o Ibovespa amenizasse o ajuste ante Nova York na sessão, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC do Pacto Federativo e também do Orçamento para 2021, disse hoje esperar que possa apresentar, na próxima semana, e não amanhã, parecer sobre o Pacto e sobre a PEC Emergencial com Renda Cidadã "Vamos gastar mais uns dias com o Renda Cidadã para ter algo consensuado", explicou o senador.
Mais cedo, a indicação do presidente Jair Bolsonaro de que não daria aval a qualquer opção de financiamento sobre o Renda Cidadã antes da eleição municipal de novembro, por um lado, fez supor elaboração mais cuidadosa da proposta que virá a ser apresentada, mas, por outro, deixa a questão em aberto, uma incerteza que incomoda o mercado, atento às idas e vindas na costura do programa.
Após a sinalização ontem, de Bittar, de que a solução para o auxílio social ficará dentro do teto e terá o "carimbo" de Guedes, "é preciso uma resposta efetiva do governo, com o avanço da agenda de reformas, para o prêmio da curva de juros ser devolvido e justificar um maior alívio com relação ao rumo do fiscal", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. "Apesar das pazes entre Maia e Guedes, existem muitas dúvidas sobre a forma de financiamento do Renda Cidadã e os investidores aguardam na defensiva pelo projeto", acrescenta o analista.
Na primeira metade da sessão, em desdobramento positivo no exterior, a Agência Europeia de Medicamentos informou que foi iniciada análise de estudos laboratoriais da BNT162b2, alternativa contra a Covid-19 desenvolvida em conjunto pelas farmacêuticas BioNTech e Pfizer, que poderá acelerar o processo de aprovação da vacina, o que contribuía para ganhos incrementais nesta terça-feira nas bolsas europeias e também em Nova York, até a reaparição de Trump bloqueando a discussão sobre novos estímulos nos EUA.
Até então, o desempenho da B3 nesta terça-feira era mais uma vez beneficiado por avanço das ações de Petrobras, embora em grau mais acomodado do que no dia anterior, e de bancos. Ao final, Petrobras PN e ON mostravam perda de 0,50% e 0,65%, respectivamente, enquanto os ganhos entre os bancos, bem moderados, ficaram restritos a Itaú (+0,18%) e Santander (+0,25%).
Na ponta do Ibovespa, destaque para o segmento de viagens e turismo, com CVC em alta de 9,34%, e Gol, de 7,30%, ambas com ganhos na casa de dois dígitos até a fala de Trump, limitados então assim como Azul, em avanço de 6,50% no fechamento. Nesta sessão, o setor foi estimulado pela expectativa em torno de vacina, para breve, em um quadro de estagnação durante a pandemia que depreciou acentuadamente os papéis deste segmento de serviços associado à mobilidade.
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