O Ibovespa foi do vinho para a água entre a manhã e o fim da tarde, cedendo não apenas a linha de 100 mil mas também a de 99 mil pontos no fechamento desta segunda-feira, com vendas que se acentuaram após as 16h50, quando a piora observada em Nova York colocava o Nasdaq - que vinha de renovações de recordes históricos - em queda acima de 2% na sessão. Ao fim, o principal índice da B3 apontava perda de 1,33%, aos 98.697,06 pontos, na mínima do dia, após ter chegado a 100.857,68 pontos na máxima, pela manhã.
Mais cedo, com o bom humor externo em meio ao início da temporada de balanços do segundo trimestre nos EUA, o Ibovespa resistia acima dos 100 mil, mas, depois das 16h, perdeu de vez a linha em meio à piora observada em Nova York, que colocou S&P 500 e Nasdaq em terreno negativo no fechamento do dia.
O sentimento mudou da manhã para o fim da tarde, com perda de desempenho nos mercados americanos após a notícia de que a Califórnia voltará a fechar atividades internas em bares, restaurantes e outros ambientes fechados. Assim, o índice da B3 se inclinou à realização de lucros.
Em dia negativo para os preços do petróleo, Petrobras PN cedeu 1,55% e a ON, 0,65%, contribuindo para o ajuste negativo do Ibovespa, assim como as ações de bancos, também com grande peso na composição do índice: Santander fechou em baixa de 2,20% e Bradesco ON, de 2,00%. Na ponta negativa do Ibovespa, Ambev cedeu 5,72%, seguida por Cyrela (-5,32%). No lado oposto, IRB subiu 5,65% e CSN, 3,92%. O giro financeiro totalizou R$ 28,1 bilhões e, no mês, o Ibovespa limita agora os ganhos a 3,83%, enquanto as perdas no ano vão a 14,66%.
"Os 100 mil eram uma importante linha divisória entre compra e venda, de forma que é natural que falte força para o índice neste momento. Muita coisa que constituía boa oportunidade já andou bem. O momento volta a ser de seletividade para o investidor", diz Márcio Gomes, analista da Necton.
"O início de semana já era cauteloso, mais devagar com o Ibovespa a 100 mil e ante fatores que podem fazer preço nos próximos dias", diz um operador, reiterando como muitos que fluxo doméstico, mais do que fundamentos, reconduziu o Ibovespa ao nível de seis dígitos - pela sexta vez desde que a marca foi alcançada pela primeira vez, em 19 de junho de 2019, e que havia sido cedida pela última vez em 6 de março.
Aqui, a semana reserva na terça-feira o IBC-Br, indicador antecedente sobre o PIB, que ajuda o mercado a auscultar o estado da economia. A expectativa para a leitura desta terça-feira é que confirme o início da recuperação econômica em maio, quando começaram a surgir sinais de afrouxamento do distanciamento social, implementado no início do mês seguinte em boa parte do país.
No exterior, além do início da temporada de balanços americanos com os números da PepsiCo - trazendo lucro ajustado acima do esperado -, houve nesta terça-feira notícia positiva sobre a covid-19: Pfizer e BioNTech anunciaram que duas de quatro possíveis vacinas que estão desenvolvendo contra o novo coronavírus receberam status de "fast track" da FDA, a agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos.
Nesta segunda-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reiterou que o epicentro do vírus continua nas Américas. No domingo, a OMS havia informado que, de 230 mil novos casos de covid-19 reportados, 80% ocorreram em 10 países - o que mostra que a pandemia está se concentrando em certos pontos.
Nos EUA, o presidente do Fed de Dallas, Robert Kaplan, disse que a proliferação de casos de covid-19 no país está diminuindo o ritmo da recuperação econômica. Ele estima que a taxa de desemprego deve terminar 2020 entre 9% e 10%, e, ao final de 2021, deve cair para a faixa de 7% a 8% - ainda alta pelo padrão americano.
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