Em dia de cautela no exterior, com o acompanhamento da progressão da pandemia em meio a lento avanço da vacinação nas maiores economias, o Ibovespa se inclinou a uma realização de lucros, acentuada no fim da tarde, que o devolveu à casa dos 122 mil após o salto observado na sexta-feira, que o levou a inéditos 125 mil pontos tanto no intradia como no fechamento, em avanço de 5% para o índice na primeira semana do ano. Nesta segunda-feira (11), o Ibovespa fechou em baixa de 1,46%, a 123 255,13 pontos, tendo variado entre mínima de 122.505,58 e máxima de 125.075,18 pontos, com giro a R$ 35,6 bilhões, mais contido do que o observado nas três sessões anteriores, quando ficou igual ou acima de R$ 43 bilhões, chegando a R$ 46,3 bilhões na sexta-feira.
O ajuste negativo desta segunda-feira foi o maior desde a sessão de 21 de dezembro, quando o índice cedeu 1,86%. A correção, que alcançou segmentos de peso, como bancos, commodities e siderurgia, ocorre após duas sessões de renovação de picos históricos, tanto no intradia como no fechamento, que lançaram o Ibovespa aos 125,3 mil pontos no melhor momento. Assim, o dia negativo para commodities e os mercados acionários de Estados Unidos e Europa resultou em pausa na escalada do índice, que ainda avança 3,56% no ano.
"O Ibovespa foi puxado para baixo pela movimentação de blue chips, com uma correção global. Desde a abertura, empresas muito beneficiadas pelo bom humor da semana passada registraram perdas, caso de Vale (ON apenas -0,02% no fechamento), Petrobras (PN -0,84%, ON -0,95%) e bancos (Itaú PN -2,25%). Além da realização, normal após altas fortes, adicionou cautela o pedido de impeachment do presidente Donald Trump, dias antes da transição de governo nos EUA - movimento que teria como objetivo final impedir que ele dispute novamente as eleições no futuro", aponta Paula Zogbi, especialista da Rico Investimentos. "Na política doméstica, as falas do candidato à presidência da Câmara apoiado por Rodrigo Maia, Baleia Rossi, geram sentimentos dúbios. Ele tem mencionado medidas como a extensão do auxílio emergencial, mas também defende responsabilidade fiscal."
"Após ter se mantido desconectada, a Bolsa acompanhou hoje o que ocorre no câmbio e juros, que têm se mantido mais alinhados às incertezas internas, especialmente sobre o fiscal. O mercado tem olhado muito para fluxo e para vacina, é o que tem movido o Ibovespa desde novembro. Internamente, a situação permanece difícil, tanto na política como na economia, então será necessário continuar monitorando o fluxo bem de perto, porque pode chegar um momento em que o estrangeiro decida começar a sair", diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, chamando atenção para a persistente indefinição sobre as contas públicas, o orçamento e se haverá ou não auxílio excepcional aos mais pobres - em caso afirmativo, a dúvida é quanto ao volume.
Por enquanto, neste início de ano, o estrangeiro continua a mostrar interesse por ações brasileiras. Na sessão do dia 7, o ingresso externo chegou a R$ 4,436 bilhões na B3, em termos líquidos: a quarta maior entrada registrada no levantamento diário feito pelo Broadcast desde 2007.
"O interessante é que isso ocorreu quando o Ibovespa conseguiu superar a máxima (de fechamento) que vinha desde 23 de janeiro, perto de 119,6 mil pontos. Se considerarmos o gráfico do Ibovespa dolarizado - o que realmente interessa ao estrangeiro -, a pontuação está agora em torno de 22,5 mil, o que corresponde a espaço superior a 20% em relação ao topo dolarizado, do fim de 2019 (bem perto então dos 29 mil, a 28,8 mil)", observa Rodrigo Barreto, analista gráfico na Necton, que vê a linha de 120 mil como um "forte suporte" para o índice, caso venha a perder o ponto intermediário de 122 mil.
Pelo segundo dia, Notre Dame Intermédica (+11,00%) e Hapvida (+8,46%) seguraram a ponta do Ibovespa, impulsionadas pela proposta de combinação de negócios das empresas em uma nova companhia. No lado oposto, CPFL cedeu 5,47%, à frente de Yduqs (-5,12%) e Energisa (-4,88%).
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