A Bolsa de Valores brasileira fechou em alta de 1,98%, a 105.550 pontos nesta segunda-feira (1º). Os ganhos foram estimulados principalmente pelo bom humor do mercado em relação à não concretização da greve dos caminhoneiros.
O dólar, porém, voltou a subir devido ao contínuo processo de busca de investidores por proteção em relação ao risco fiscal do país. A moeda americana avançou 0,49%, a R$ 5,67.
Os caminhoneiros ameaçavam realizar uma paralisação em protesto contra a política de preços dos combustíveis da Petrobras, que segue um sistema de paridade em relação à cotação do petróleo no mercado internacional.
Uma grande mobilização, caso tivesse ocorrido, poderia aumentar o temor do mercado quanto a eventuais intervenções do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no sistema de preços adotado pela estatal, com resultados prejudiciais aos lucros da empresa.
Bolsonaro, por sua vez, contribuiu para amenizar as tensões envolvendo a Petrobras ao comentar, também nesta segunda, que conversa com a equipe econômica para que os dividendos que o governo recebe da estatal sejam revertidos para abater o preço do diesel.
O mercado avalia que o discurso indica que o governo busca soluções para reduzir os preços dos combustíveis sem interferir na política de preços da estatal, segundo Vitor Carettoni, diretor da mesa de operações de renda variável da Lifetime Investimentos.
As ações preferenciais da Petrobras, que foram as mais negociadas do pregão, subiram 2,75%. Na última sexta-feira (29), os papéis caíram 5,90% após o lucro da estatal ter sido alvo de críticas de Bolsonaro na véspera.
Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, destaca que os comentários de Bolsonaro e o esvaziamento da greve dos caminhoneiros amenizam o risco de um movimento expressivo grevista como o ocorrido na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Para o analista, porém, a alta de hoje não deve ser observada como um movimento de reversão dos descontos que a Bolsa vem sofrendo devido ao aumento das tensões políticas e fiscais no país.
Em outubro, o Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, recuou 6,7%. Essa foi a quarta queda mensal consecutiva.
"Se observamos os mercados de juros e de câmbio, eles estão contando uma história que ainda é de aversão aos riscos locais", diz Borsoi. "Os juros fecharam em alta e o dólar volta a chegar perto dos R$ 5,70."
Os contratos com base na taxa de juros DI (Depósitos Interbancários) para 2023 subiram 2,75 pontos percentuais nesta segunda, a 12,4% ao ano.
O nervosismo com a questão fiscal persiste enquanto o governo não consegue aprovar no Congresso a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos precatórios, pela qual o Executivo pretende adiar parte do pagamento das suas dívidas judiciais reconhecidas e, assim, liberar espaço para os gastos extras no Orçamento do próximo ano.
Nos Estados Unidos, o Fomc (comitê de política monetária do Federal Reserve, o banco central americano) deverá divulgar na tarde de quarta-feira (3) detalhes do seu plano de retirada de estímulos econômicos criados durante a pandemia.
A decisão é importante para o Brasil porque reduzirá a liquidez global e, entre as consequências, pode tornar investidores internacionais menos propensos a aplicar em países emergentes. O mercado, porém, já vem precificando essa medida ao longo dos últimos meses, segundo analistas.
No mercado de ações americano, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram 0,26%, 0,18% e 0,63%, respectivamente.
O petróleo Brent, referência mundial, avançou 0,20%, a US$ 84,38 (R$ 478,33).
Entre os destaques da Bolsa nesta segunda, o Banco Inter saltou 19,2%, após queda de quase 24% em outubro, tendo como pano de fundo detalhes do IPO do concorrente Nubank nos Estados Unidos, em operação no qual o rival busca um valor de mercado de mais de US$ 50 bilhões (R$ 283,4 bilhões).
O Burger King disparou 8,4% após a companhia anunciar o cancelamento do acordo com a empresa de private equity Vinci Partners para comprar a Domino's Pizza Brasil, citando condições adversas de mercado.
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