O governo federal confirmou, na noite desta segunda-feira (28), a demissão do general Joaquim Silva e Luna da presidência da Petrobras. Em nota, o Ministério de Minas e Energia informou que o indicado para o cargo será o economista Adriano Pires, especialista na área de petróleo e fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Para a presidência do Conselho de Administração da empresa, foi anunciado o nome de Rodolfo Landim, que também é presidente do Flamengo.
A demissão do militar ocorre após uma série de desgastes com o presidente Jair Bolsonaro (PL) em razão do mega-aumento dos preços nos combustíveis promovido pela empresa.
Luna vinha sofrendo pressão para revisar a alta nos preços após variações na cotação do barril do petróleo. O general foi pressionado publicamente pelo próprio Bolsonaro e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
O militar, porém, dizia internamente que as variações eram conjunturais e não estruturais e que não havia chegado a hora de rever o mega-aumento promovido pela empresa.
A demissão de Luna repete o desfecho que teve Roberto Castello Branco, indicado do ministro Paulo Guedes (Economia) para comandar a Petrobras e que foi demitido em fevereiro de 2021.
A exoneração de Castello Branco ocorreu após a companhia anunciar o quarto aumento nos preços de diesel e gasolina naquele ano.
QUEM É ADRIANO PIRES
O economista Adriano Pires já era um fiel conselheiro do governo e, recentemente, ao dizer "as coisas certas" na hora certa, tornou-se candidato a substituir o general Silva e Luna no comando da Petrobras.
Assessores do Planalto afirmam que, há alguns meses, Pires defendeu publicamente a necessidade de não repassar a volatilidade do petróleo - insumo básico para a gasolina e o diesel - para o consumidor.
Pires também propôs ao governo uma reforma da tributação de combustíveis começando pelo ICMS. Ele defendeu uma única alíquota, cobrada em reais por litro. Esta foi a base do projeto de lei que o governo conseguiu aprovar no Congresso, mas que ainda enfrenta resistência dos estados.
Para o economista, essa alíquota deveria ser calculada com prazos mais longos do que os atuais 15 dias, como forma de amortizar os repasses de custos do petróleo das refinarias para as distribuidoras.
Para incentivar a estabilização dos preços no mercado interno, Pires avaliava a criação de um novo imposto - algo criticado pela equipe econômica -, ou um fundo específico, que foi usado em outros países e resultou em fracasso.
Doutor em Economia Industrial pela Universidade Paris XIII, Adriano Pires atua no mercado há mais de três décadas.
Atualmente, dirige o CBIE, entidade que ajudou a criar. Também integra o time de analistas do Instituto Millenium, formado por especialistas alinhados com o ideário liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes.
No governo, Adriano Pires foi assessor do diretor-geral da agência Nacional de Petróleo (ANP) em 2001, superintendente de Importação e Exportação de Petróleo e, posteriormente, superintendente de Abastecimento.
Para a iniciativa privada, trabalhou como consultor para diversos projetos e entidades internacionais. Como especialista, colaborou com o governo de transição, em 2018, e, à época, seu nome foi cotado para assumir tanto o Ministério de Minas e Energia quanto a presidência da Petrobras.
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