O presidente Jair Bolsonaro reconheceu nesta terça-feira (14) que tem sido criticado pela proposta de mudança na cobrança da conta de luz para templos religiosos e disse que ainda não tomou uma decisão sobre o assunto. Desde a semana passada, o Ministério de Minas e Energia tem avaliado, a pedido da bancada evangélica, a concessão de um subsídio para os locais de culto. O argumento é que as cerimônias são realizadas à noite, em horário de pico no consumo de energia.
"Eu estou apanhando e não decidi nada ainda. Eu não sei por que essa gana de dar pancada em mim o tempo todo. Eu assinei o decreto? Então por que essa pancada?", questionou.
O presidente ressaltou que só tomará uma decisão sobre o tema "na hora certa", mas não especificou qual seria esse momento. Ele não disse se é favorável ou contra não incluir os templos religiosos na tarifa vermelha.
"Eu decido aos 48 do segundo tempo. Lembram que o Palmeiras ganhou um jogo aos 54 do segundo tempo? Eu decido na hora certa", disse. "Não tenho opinião para te dar", acrescentou.
O lobby das igrejas tem garantido decisões no governo federal que desafiam as políticas de ajuste fiscal do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em meio à tentativa de reequilibrar as contas públicas, a equipe econômica se vê obrigada a analisar diferentes demandas de líderes religiosos que vão na direção contrária do planejado.
Bolsonaro se elegeu em 2018 com forte apoio de grupos religiosos, em especial a bancada evangélica, à qual tem dedicado boa parte de sua agenda.
São frequentes encontros do presidente no Palácio do Planalto e em compromissos externos com líderes evangélicos, mas eles não são os únicos.
Recentemente, chegou ao Ministério da Economia um pedido sobre a possibilidade de igrejas que usam terrenos da Marinha não pagarem à União uma taxa pelo uso.
A proposta pode retirar receitas dos cofres públicos enquanto o governo ainda tenta voltar a produzir superávit primário -algo previsto para pelo menos 2022. Para 2020, o rombo deve ficar em R$ 124,1 bilhões, segundo a meta fixada.
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