Dias depois da briga entre os ministros Paulo Guedes (Economia) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), o presidente Jair Bolsonaro elogiou publicamente o chefe da equipe econômica e disse que não toma decisões da área sem antes ouvi-lo.
Sem citar a recente troca de farpas entre seus dois auxiliares, que impactou o mercado financeiro, Bolsonaro disse ainda se surpreender com a reação negativa de investidores a declarações de "um ministro ou funcionário de segundo escalão".
"Me surpreende por vezes o mercado, por declaração de um ministro ou funcionário de segundo escalão falar alguma coisa, e aquilo passar a ser uma verdade, a bolsa cai e o dólar sobe. A palavra final na economia não é de uma pessoa, são de duas pessoas: eu e Paulo Guedes. Eu não tomo decisões sem ligar para o respectivo ministro", disse o presidente, durante uma cerimônia no Palácio do Planalto sobre medidas de desburocratização do setor aéreo.
Avisado de que Marinho o havia criticado para investidores na última semana, Guedes disparou ofensas públicas contra o colega. Em entrevista, o titular da Economia chamou Marinho de "despreparado, desleal e fura-teto".
Após o episódio, segundo líderes partidários próximos do Planalto, o próprio Jair Bolsonaro entrou em campo e pediu que o ministro do Desenvolvimento se acalmasse e não respondesse para evitar ainda mais a crise.
De acordo com relatos, na reunião fechada Marinho criticou Guedes ao dizer que ele é um grande vendedor, muito bom na macroeconomia, mas fraco em questões microeconômicas, listando as áreas tributária, previdenciária e a contabilidade pública.
O debate que se instalou na sequência reforçou a leitura de que o teto de gastos pode ser descumprido na gestão do presidente Jair Bolsonaro, elevando a percepção de risco em relação ao Brasil e afetando negativamente indicadores financeiros.
Em seu discurso nesta quarta, Bolsonaro tentou afastar a percepção de que seu governo pode descumprir regras fiscais e disse não querer "fazer nada de anormal para dar um jeitinho aqui ou acolá".
Em mais uma sequência de elogios a Guedes, ele disse que o chefe da equipe econômica tem uma "lealdade que é mútua comigo". E listou uma série de medidas econômicas tomadas para aliviar os efeitos da pandemia.
Pressionado por investidores internacionais e por governos estrangeiros pelo avanço do desmatamento e pela onda de queimadas, Bolsonaro rebateu críticas e defendeu estimular o turismo na Amazônia "para mostrar que aquele trem não pega fogo".
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