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Bolsonaro entrega projeto que permite privatização dos Correios

Bolsonaro entrega projeto que permite privatização dos Correios

A medida estabelece que os Correios serão transformados em sociedade de economia mista (pública e privada). Hoje, a empresa é 100% estatal

Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às 21:09- Atualizado há 4 anos

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Os presidentes do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, da República Jair Bolsonaro, o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, durante declaração à imprensa
Os presidentes do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, da República Jair Bolsonaro, o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, durante declaração à imprensa . (Marcelo Camargo/Agência Brasil )

Em mais um aceno ao mercado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entregou ao Congresso nesta quarta-feira (24) um projeto de lei que quebra o monopólio dos Correios e abre a empresa pública para o capital privado.

O texto permite que serviços postais, inclusive os prestados hoje pelos Correios em regime de monopólio, sejam explorados pela iniciativa privada. O objetivo é eliminar a restrição de entrada de empresas no setor, ampliando a competição. Hoje, os Correios têm o monopólio do envio de cartas, telegramas e outras mensagens.

A medida ainda estabelece que os Correios serão transformados em sociedade de economia mista (pública e privada). Hoje, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é 100% pública.

"Na prática, o projeto de lei possibilita a desestatização dos Correios", informou o Ministério das Comunicações.

Segundo a pasta, em paralelo à tramitação do projeto, o governo vai estudar o melhor modelo de desestatização, que pode ser por venda direta, venda do controle majoritário ou de parte da empresa.

De acordo com o Planalto, a exigência constitucional de manutenção dos serviços postais pela União será respeitada. Para isso, será criado o Serviço Postal Universal, com prestação garantida pelo governo federal em todo o país e com modicidade de preços.

A Secretaria-Geral da Presidência afirma que o projeto, por si só, não significa uma decisão pela extinção dos Correios ou desestatização dos serviços postais. A pasta afirma que o objetivo é abrir o setor à iniciativa privada, com concessões ou parcerias.

Pelo texto, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) passará a se chamar Agência Nacional de Telecomunicações e Serviços Postais, ficando responsável por regular e fiscalizar o mercado.

Assim como na terça-feira (23), quando entregou a medida provisória sobre a capitalização da Eletrobras, o presidente foi pessoalmente ao Congresso.

Participaram do ato os ministros Paulo Guedes (Economia), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Fábio Faria (Comunicações), além do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). No tumulto provocado pela a chegada das autoridades, uma porta de vidro próxima ao gabinete de Lira foi quebrada.

A possibilidade de venda dos Correios está em debate no governo desde 2019. Na equipe econômica, são usados argumentos como problemas de eficiência e casos de corrupção que atingiram a companhia no passado.

Em declarações no fim de 2020, Faria afirmou que a proposta foi elaborada para permitir a venda da estatal e estabelecer a organização e a manutenção do sistema nacional de serviços postais.

Diante de forte turbulência provocada pelo presidente no mercado nos últimos dias, o Palácio do Planalto vem tentando dar sinais de que segue priorizando a agenda liberal comandada por Guedes.

Os ruídos começaram na quinta-feira (18), quando Bolsonaro anunciou a isenção de tributos federais por dois meses sobre o diesel e definitivamente sobre o gás de cozinha. A medida terá validade a partir de 1º de março e foi apresentada sem que o Ministério da Economia tivesse encontrado uma forma de compensar essa perda de arrecadação.

No dia seguinte, após demonstrar irritação com a alta nos preços dos combustíveis e sugerir que faria mudanças na Petrobras, Bolsonaro pediu a saída do presidente da estatal, o liberal Roberto Castello Branco, indicando em seu lugar o general Joaquim Silva e Luna.

Diante da forte reação negativa do mercado, com deterioração de indicadores do país, o presidente foi ao Congresso na terça para entregar a MP que tenta destravar a privatização da Eletrobras, pauta prioritária de Guedes e que segue travada no Legislativo desde a gestão Michel Temer.

No caso da Eletrobras, o governo já havia enviado um projeto de lei sobre o tema, mas o texto não avançou no Congresso. Com isso, o Planalto optou pela edição da MP, que tem validade imediata e recebeu compromisso de votação pelos presidentes da Câmara e do Senado.

Para os Correios, o governo escolheu o formato de projeto de lei, que não passa a valer imediatamente. O texto só entrará em vigor após aprovação na Câmara e no Senado e a sanção do presidente.

A pauta de privatizações é um dos pilares da gestão de Guedes. Desde o início do governo, no entanto, o ministro não conseguiu vender nenhuma estatal.

Em um atrito entre Poderes no fim do ano passado, Guedes acusou o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de ter feito um acordo com a esquerda para travar as privatizações.

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Com a vitória de aliados do Planalto para o comando da Câmara e do Senado e a aproximação de Bolsonaro com partidos do centrão, a equipe econômica aposta que a agenda de privatizações pode ser destravada.

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