> >
Bolsonaro: "Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras"

Bolsonaro: "Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras"

O presidente também criticou o atual presidente da Petrobras porque Castello Branco vinha trabalhando de casa durante a pandemia e também criticou o salário do chefe da estatal

Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 14:56- Atualizado há 4 anos

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
O ministro da Casa Civil, Braga Netto, e o presidente Jair Bolsonaro durante pronunciamento sobre pressão dos combustí­veis e a polí­tica de reajustes adotada pela Petrobras.
O ministro da Casa Civil, Braga Netto, e o presidente Jair Bolsonaro durante pronunciamento sobre pressão dos combustí­veis e a polí­tica de reajustes adotada pela Petrobras. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Diante do derretimento da Petrobras após o anúncio de intervenção do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (22) que não irá interferir na política de preços da estatal.

"Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras", disse Bolsonaro a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada.

As declarações na porta da residência oficial foram transmitidas por um canal simpático ao presidente com acesso à área em que a imprensa não pode entrar.

"Eu não peço não, eu exijo transparência de quem é subordinado meu", disse o mandatário.

"Falam interferência minha. Baixou o preço do combustível? Foi anunciado 15% [de aumento] no diesel, 10% na gasolina. Abaixou o percentual? Está valendo o mesmo percentual? Como é que houve interferência? O que eu quero da Petrobras e exijo é transparência e previsibilidade, nada mais além disso", disse o presidente.

As ações da Petrobras caem mais de 17% na manhã desta segunda, enquanto outras estatais como Eletrobras, Banco do Brasil e Sabesp acompanham o rítmo de queda. Em Nova York, os papéis da petroleira também despencam mais de 16%.

Na noite de sexta-feira (19), Bolsonaro concretizou as insinuações que começou a fazer na noite anterior, em sua live, e anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna como novo presidente da Petrobras.

Se a intervenção de Bolsonaro na estatal for confirmada pelo conselho de administração da companhia, ele substituirá Roberto Castello Branco, alvo de críticas de Bolsonaro.

"É direito meu reconduzi-lo ou não. Ele não será reconduzido. Qual o problema?", indagou o presidente aos apoiadores.

Logo depois do anúncio de Bolsonaro, a Petrobras perdeu cerca de R$ 60 bilhões em valor de mercado —R$ 28 bilhões na Bolsa brasileira e outros R$ 30 bilhões nas negociações dos papéis no exterior.

No domingo, a XP Investimentos rebaixou sua recomendação para as ações da Petrobras de neutro para venda. O preço-alvo foi revisado de R$ 32, na avaliação anterior, para R$ 24, tanto para ações ordinárias (com direito a voto) quanto para as preferenciais (sem direito a voto).

"É sinal que alguns do mercado financeiro estão muito felizes com a política que só tem um viés na Petrobras: atender os interesses próprios de alguns grupos no Brasil, nada mais além disso", afirmou Bolsonaro.

O presidente também criticou o atual presidente da Petrobras porque Castello Branco vinha trabalhando de casa durante a pandemia. Ele também criticou o salário do chefe da estatal.

"O atual presidente da Petrobras está 11 meses em casa sem trabalhar, né, trabalha de forma remota. Agora, o chefe tem que estar na frente, bem como seus diretores. Isso, para mim, é inadmissível. Descobri isso há poucas semanas", disse Bolsonaro.

"Imagine eu, presidente, em casa, com medo do Covid, ficando aqui o tempo todo no Alvorada. Não justifica isso daí. Inclusive, o ritmo de muitos servidores lá está diferenciado. Ninguém quer perseguir servidor, muito pelo contrário, temos que valorizar os servidores. Agora, o petróleo é nosso ou é de um pequeno grupo no Brasil?", indagou o chefe do Executivo.

Um pouco depois, Bolsonaro indagou se seus apoiadores tinham ideia de quanto ganha o presidente da Petrobras.​​

"Queremos saber de números concretos do que acontece lá, bem como a política salarial do presidente e seus diretores", disse Bolsonaro.

"Alguém sabe quanto ganha o presidente da Petrobras? R$ 50 mil por semana? É mais do que isso por semana. Então, tem coisa que não está certa. Não quero que ele ganhe R$ 10 mil por mês também não, tem que ser uma pessoa qualificada, mas não ter este tipo de política salarial lá dentro", disse Bolsonaro.

"E para ficar em casa, trabalhando de casa. No meu entender, não justifica. Pode até estar fazendo um bom trabalho de casa, mas, para mim, não justifica essa ausência da empresa."​

A Assembleia Geral Ordinária da Petrobras aprovou em julho do ano passado a fixação da remuneração para os administradores da companhia em até R$ 43,3 milhões para o período de abril de 2020 a março deste ano, segundo documento divulgado pela empresa. Dividindo-se este valor pelos nove diretores-executivos, incluindo Castello Branco, os salários mensais podem chegar a R$ 400 mil, em média.

A estatal não divulga o salário individualizado de seus empregados. Segundo explicação no site da empresa, "a divulgação das informações remuneratórias de profissionais estratégicos da Petrobras, responsáveis pela definição de direcionamentos de longo prazo e pelas descobertas de campos exploratórios, poderia prejudicar as iniciativas da companhia na retenção desses profissionais".

"A divulgação dos dados permitiria ações mais eficazes de assédio dos concorrentes e uma possível saída não planejada desses profissionais, provocando uma perda dos conhecimentos desenvolvidos ao longo dos anos de atuação e, consequentemente, prejudicando as operações da Petrobras", informa a empresa.​

No fim de semana, Bolsonaro afirmou que outras mudanças aconteceriam nesta semana, o que reiterou nesta segunda.

"Mudanças teremos no governo sempre que se fizer necessário. Não tenho preocupação nenhuma outra a não ser atender o interesse público. Transparência e previsibilidade acima de tudo."

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais