Na tentativa de conter as críticas de seus seguidores na internet por causa da alta no preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse a apoiadores nesta manhã que voltará a reunir a equipe econômica nesta segunda-feira (8) para tentar bater o martelo sobre uma medida para baixar o valor de PIS/Cofins.
"Hoje tenho uma reunião com a equipe econômica, mais uma vez, tive na semana passada, para ver se bate bate o martelo. Queremos diminuir os impostos federais", disse o presidente, que em seguida fez uma ressalva:
Ele continuou: "Não é novidade para ninguém: está previsto um novo reajuste de combustível para os próximos dias, está previsto. Vai ser uma chiadeira com razão? Vai. Eu tenho influência sobre a Petrobras? Não", disse.
Na porta do Palácio da Alvorada, ele disse aos eleitores que não tem ingerência sobre a Petrobras e que não pretende se tornar um ditador para extrapolar os limites que a legislação impõe ao presidente da República. As declarações foram registradas em vídeo divulgado na rede social do chefe do Executivo.
"Daí o cara fala 'você é presidente do quê?' Ô, cara. Vocês votaram em mim e tem um monte de lei aí. Ou cumpre a lei ou vou ser ditador. E para ser ditador vira uma bagunça o negócio e ninguém quer ser ditador e... isso não passa pela cabeça da gente", afirmou o presidente.
Em nova pressão sobre a Petrobras, disse que a empresa diz que, se não houver aumento, pode haver desabastecimento.
"Importamos parte do óleo diesel. Daí a Petrobras alega: se não aumentar o diesel, não vamos importar mais, que vamos importar álcool para vender mais barato. Então, poderia haver desabastecimento."
Bolsonaro já havia reunido a equipe econômica na sexta-feira (5), mas terminou o encontro sem uma medida concreta para reduzir o preço dos combustíveis. Ele disse que pretendia apresentar um projeto de lei que fixasse a aliquota do ICMS em cada Unidade da Federação ou que garantisse que o imposto estadual fosse cobrado na refinaria. Houve contestação nos estados.
"Não quero interferir no ICMS, não é verdade isso", disse o presidente, que, imediatamente depois, reiterou sua proposta sobre o imposto estadual.
A cota de sacrifício da União se daria pela redução do PIS/Cofins, mas o governo não chegou a apresentar uma solução para compensar a medida.
Em um recado aos governadores, o presidente voltou a cobrá-los pela redução do ICMS.
"Os governadores falam que não podem perder receita, que estão no limite. Entendo isso aí. O governo federal também está no limite. É verdade. Agora, quem está com a corda mais no pescoço do que nós, presidente da República e governadores, é a população consumidora."
"Não estou procurando encrenca nem acusando os governadores de cobrar demais. Não. Nós, governo federal, também cobramos demais. Agora, devemos buscar uma solução e, no meu entender, de forma pacífica", declarou.
Bolsonaro demonstrou incômodo com a pressão que tem recebido e afirmou que "de acordo com a pressão, todo mundo perde".
"O que não pode acontecer? Achar que a responsabilidade é de uma pessoa apenas. Agora, quando é que nós todos, eu, governadores, distribuidoras, donos de postos, vamos tomar uma providência para isso? Será num momento pacífico ou num momento conturbado? Para mim, seria a partir de agora. Espero sair um bom entendimento da reunião com a equipe econômica hoje", disse o mandatário.
Bolsonaro afirmou ter conversado sobre o assunto, por telefone, com o novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com quem deve se encontrar até esta terça-feira (9), segundo informou aos apoiadores.
Sem citar nomes, o presidente também se dirigiu a quem pede seu impeachment e disse estar aberto a sugestões.
"Agora, vêm uns outros: impeachment. Vai resolver o quê? Quer tirar a mim, quer colocar quem no lugar? Querem botar quem no lugar? Este quem podia apresentar, nos ajudar com soluções agora. Eu tenho humildade para acolher qualquer sugestão, qualquer uma, seja qual for. A gente estuda."
Bolsonaro também aproveitou a conversa com seus eleitores para criticar o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se tornou um de seus principais desafetos.
"Graças a Deus mudou o comando da Câmara", disse o presidente. "Este cara que saiu da Câmara agora, parece que ele vai agora encarnar a verdadeira oposição ao meu governo. Ele não tem que ser oposição ao meu governo. Ele tem que ser favorável ao Brasil."
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