AGÊNCIA ESTADO - Em uma década, os brasileiros passaram a gastar mais com impostos e com o pagamento de dívidas, encurtando o espaço no orçamento para investimentos no patrimônio, segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 divulgada nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) .
De acordo com o estudo, as famílias brasileiras gastaram, em média, R$ 4.649,03 por mês em 2018. As despesas de consumo absorveram 81% do orçamento familiar, enquanto o pagamento de outras despesas correntes, como impostos e contribuições trabalhistas, consumiu 11,7% e 3,2% foram destinados à diminuição de dívidas.
Apenas 4,1% do do total gasto pelas famílias mensalmente foi destinado ao aumento do patrimônio, ou seja, a despesas com aquisição de imóveis, construção ou melhoramento de imóveis próprios e investimentos em títulos de capitalização, títulos de clube e aquisição de terrenos para jazigo, por exemplo. Na pesquisa de 2008-2009, as famílias destinavam 5,8% do orçamento familiar mensal para esse fim.
A capacidade de investimento das famílias diminuiu, confirmou André Martins, gerente da POF no IBGE. "Pode ser a crise, as famílias estariam adquirindo menos e pagando mais dívidas, disse. "Se você gasta muito dinheiro com a manutenção, sobra pouco espaço para fazer investimento", completou.
Quase um quinto do que as famílias consumiam não envolvia pagamento com recursos financeiros. As despesas monetárias - aquelas realizadas mediante pagamento em dinheiro, cheque ou cartão de débito ou crédito - representavam 81,9% do total consumido pelas famílias, enquanto os outros 18,1% eram despesas não monetárias, ou seja, provenientes de produção própria, retiradas do negócio, troca, doação e outras formas de obtenção que não envolveram pagamentos monetários.
"O consumo dos brasileiros é acima do gasto monetário. Tem uma parte do consumo do brasileiro que sai do próprio bolso, outra parte que não. Que se dá por bens, por serviços, que são dados para ele pela família, pelo governo", explicou Leonardo Vieira, analista da POF no IBGE.
As despesas não monetárias foram mais relevantes nas áreas rurais, colaborando com uma fatia de 22,5% do orçamento mensal das famílias, contra uma participação de 17,7% da despesa das famílias de áreas urbanas.
A POF identificou que no Espírito Santo as famílias gastam, em média, R$ 4.041,14 por mês. Já as famílias com rendimento até R$ 1,9 mil destinam a maior parte do seu orçamento (58,8%) com alimentação e habitação.
Do total do valor gasto com alimentação pelas famílias no Estado, 31,3% são gastos com alimentação fora do domicílio e 68,7% com alimentação no domicílio. A proporção da despesa com alimentação fora do domicílio varia de 21,0% nas famílias com menor rendimento a 49,3% nas famílias com maior rendimento.
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