O cadastro positivo vai abrir brecha para que pessoas inadimplentes tenham acesso a crédito e com juros mais baixos. Aprovado no Congresso e esperando a sanção presidencial, o projeto de lei torna obrigatória a inclusão do nome de todos os consumidores em bases de dados sobre pagamentos. Assim, mesmo com o nome sujo na praça, o usuário do serviço poderá construir um histórico de bom pagador, além de renegociar dívidas.
Apenas no Espírito Santo, de acordo com dados da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL), até fevereiro deste ano, aproximadamente 701,2 mil pessoas estavam inadimplentes. Segundo entidades que representam empresas que administram as informações de crédito, a inclusão de informações como o pagamento de serviços essenciais de água, luz e gás, por exemplo, trarão benefícios a esses consumidores.
"A partir do momento em que o cadastro for automático, as informações positivas das pessoas vão acabar se sobrepondo as negativas, fazendo com que elas melhorem seu perfil diante das empresas", explica o gerente de negócios da CDL Vitória, Geraldo Calenzani.
O superintendente de Bureaus de Crédito do SPC, Nival Martins, lembra que no modelo atual só é levado em consideração o momento em que a pessoa se encontra, se ela está com uma conta em atraso, será vista como má pagadora. Já se estiver em dia, como boa pagadora. "Com mais dados às empresas operadoras de crédito vão poder analisar se pessoa tem o hábito de pagar as contas em dia ou com pequenos atrasos e, com isso, conceder crédito a ela, já que a enxerga como uma boa pagadora", aponta.
Mesmo que possa tomar empréstimo, os especialistas alertam que quem está endividado e com o nome sujo na praça vai continuar com a dívida e também será alvo de cobranças. O presidente-executivo da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC), Elias Sfeir, aponta que a partir do momento em que os bureaus começarem a receber as informações sobre os consumidores, eles vão recalcular a nota de crédito deles.
"Com isso, estimamos que as classes C, D e E, que concentram 60% da população, tenham a nota de crédito melhorada com o cadastro. Ter uma nota melhor também abre a chance dele renegociar a dívida com o seu credor", comenta.
DADOS
De acordo com a proposta, os dados começam a ser coletados a partir da sanção do projeto pelo presidente Jair Bolsonado, o que deve acontecer até 9 de abril. Depois, há o prazo de 90 dias para que ele seja implementado pelas empresas do país.
Essa é uma mudança de interpretação em relação a lei original do cadastro, de 2011. Nela estava previsto o recolhimento dos dados de inadimplência de até 15 anos antes da sanção. Mas, esse tópico não está explícito na lei que foi aprovada em março pelo Senado.
Como o cadastro já funciona de forma não automática desde 2011, os dados dos consumidores que já realizaram sua inscrição começam a valer a partir do momento em que foi inscrito. Atualmente, segundo a ANBC, cerca de 10 mil pessoas estão integradas ao cadastro positivo.
CONHEÇA AS REGRAS DO CADASTRO POSITIVO
O que é?
É um banco de dados que dá nota para o consumidor que paga suas contas em dia.
Como sou avaliado?
Por meio do score, que é uma nota que as empresas de proteção ao crédito dão a consumidores a partir de modelos estatísticos que calculam as chances de eles não pagarem suas contas, a pessoa passa a ser classificada como bom pagador ou mau pagador.
O que ele considera?
Muitas variáveis, como idade do consumidor, sexo, renda, local onde mora e pontualidade no pagamento.
Como melhorar a nota?
Atualizando os dados cadastrais como endereço, estado civil e renda. Manter as contas em dia é primordial.
O cadastro positivo ajuda?
Na maioria das vezes, sim. Quando o consumidor adere ao cadastro, os operadores de crédito têm mais informações sobre empréstimos que ele fez e sua pontualidade de pagamento, o que influencia a nota.
Onde posso me cadastrar?
O cadastro pode ser feito no site do SPC, da Serasa, da Boa Vista e outros agentes de serviço de proteção ao crédito.
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