Muitas vezes, cascas de vários alimentos são descartadas por serem consideradas sem uso. Mas no caso das sobras de cacau e maracujá, a história está sendo diferente. Pesquisadores do Estado estudaram o uso de suas cascas na alimentação do gado e constataram que elas podem integrar a dieta dos animais em períodos de seca e escassez de alimentos.
Durante os longos períodos de estiagem, como a seca de 2014 a 2017, a oferta de pastagem acaba sendo reduzida devido à falta de água no campo. E como muitos criadores de gado também possuem plantações de cacau nas propriedades, o uso da casca torna-se um grande potencial e alternativa para a alimentação do rebanho.
Só no ano de 2017, por exemplo, o Estado produziu seis toneladas de amêndoas de cacau, de acordo com os dados preliminares do Censo Agro 2017 do IBGE. A plantação de maracujá no Estado também não fica muito atrás, produzindo oito toneladas por ano.
De acordo com a zootecnista do Incaper e doutora em Nutrição e Alimentação Animal, Mércia Regina Pereira de Figueiredo, responsável pela pesquisa, são utilizados basicamente dois tipos de alimentos na dieta dos animais: o volumoso e o concentrado.
O concentrado é utilizado em menor quantidade e pode representar até 40% da alimentação do animal. Já o volumoso compõe o restante da alimentação. No estudo fizemos uma proporção de 20% de concentrado para 80% de volumoso para novilhas leiteiras", explica.
O concentrado é o alimento rico em proteínas e que fornece energia para o gado, enquanto o volumoso é mais fibroso e tem maior volume.
As casas de maracujá e de cacau podem ser usadas in natura. No caso do cacau, quem tem plantação para a venda das amêndoas, pode colher o fruto no ponto de corte. Depois de separar a casca das sementes, as cascas precisam ser picadas ou moídas para alimentar o gado.
A especialista aconselha ainda que a porção de casca de cacau a ser usada para alimentar o gado deva ser equivalente a, no máximo, 16% do total do alimento volumoso que o animal vai consumir. Ou seja, a cada 100 quilos de composto volumoso, 16 quilos podem ser de casca de cacau e os outros 84 quilos, capim.
Já no caso do maracujá, a porção será praticamente o dobro da de cacau. A cada 100 quilos de volumoso, 64 quilos de capim e 36 quilos podem ser da casca do maracujá, o que representa 36% da porção servida. A casca do maracujá pode ser empregada em maior quantidade do que a do cacau porque ela é mais rica: além de ter carboidrato mais solúvel, os animais gostam do sabor dela, explica.
MANEJO
Ambas as cascas podem ser oferecidas separadamente para o animal ou misturadas a outros componentes da alimentação dele, como milho, farelo de soja, capim, entre outros. Ele deve ser adequado para a forma como é feito o manejo do gado, aponta.
Outra forma de implementar a casca do cacau na alimentação dos animais é em farinha. Queremos fazer com que o produtor tenha uma alternativa de alimentação na época de seca ou quando não há pastagem a partir de algo que seria descartado por ele, conta.
A especialista adverte que a implementação não deve ser feita em vacas leiteiras. Essas cascas são para o caso de escassez de alimento na época de seca. Eles devem ser usados para animais menos exigentes. Já para os mais exigentes, como vacas leiteiras, não é recomendado, aconselha.
SAIBA MAIS
Complementação
As cascas do maracujá e do cacau devem ser usadas como alternativa de alimentação de ruminantes na época de seca ou quando não há pastagem.
Exceção
Ele não deve ser inserido na alimentação de vacas leiteiras.
Cacau
Em 2017, o Estado produziu seis toneladas de amêndoas de cacau, de acordo com o IBGE. O produto é usado principalmente para a fabricação de chocolate e as cascas são descartadas.
Porção
A porção de casca de cacau que pode ser usada deve ser equivalente a, no máximo, 16% do total do alimento volumoso (mais fibroso e em maior quantidade) que o animal vai consumir.
Maracujá
O Estado produziu oito toneladas de maracujá, em 2017, de acordo com o IBGE. A polpa é usada na indústria alimentícia para a fabricação de sucos e polpas.
Porção
Para uma porção de 100 quilos de volumoso que o animal consome, o produtor pode colocar a proporção de 64 quilos de capim e 36 quilos da casca do fruto.
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