A aceleração dos preços de alimentos e outros produtos essenciais prejudicou as famílias mais pobres, que registram inflação de 1,53% na sua cesta de consumo nos oito primeiros meses do ano. O preço da cesta das famílias mais ricas, por outro lado, ficou praticamente estável, com ligeira deflação de 0,07%, por causa da queda nos preços dos serviços. Os cálculos são do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
"Evidencia-se uma pressão altista vinda dos alimentos no domicílio que formam o grupo de maior peso na cesta de consumo das famílias mais pobres- e uma queda nos preços dos serviços, cujo alívio é bem mais intenso sobre o orçamento das famílias mais ricas", diz a instituição no relatório "Inflação por faixa de renda - Agosto/2020".
Em agosto, por exemplo, a alta dos alimentos e bebidas teve impacto de 0,20 ponto percentual para os mais pobres e de 0,05 ponto percentual na cesta dos mais ricos. No ano, boa parte dessas altas está concentrada em itens como arroz (19,2%), feijão (35,9%), leite (23%) e ovos (7,1%), segundo o Ipea. No mesmo mês, a queda nos preços das mensalidades escolares favoreceu as famílias de maior renda.
De acordo com o instituto, à exceção do segmento de renda mais alta, todas as demais faixas apresentam uma trajetória de inflação em aceleração em 12 meses. Para os mais ricos, o indicador está em 1,54%, para os mais pobres, em 3,20%, mais que o dobro. Nas faixas de renda intermediária, a inflação varia de 2,06% a 2,87% no período.
O estudo divide as famílias em seis faixas de renda. São consideradas com renda muito baixa aquelas com menos de R$ 1.650,50 por mês. É classificada como renda alta aquela maior que R$ 16.509,66.
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