O início da colheita de café está à porta, mas para os produtores ela já chega com más notícias. O ciclo de baixa no preço dos grãos, que começou em 2016, deve se estender até 2021, segundo especialistas.
A demanda mundial frente a produção é um dos principais motivos para que os preços permaneçam em queda. Desde 2016, o valor médio da saca de café vem caindo segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq).
De lá para cá o preço da saca do arábica teve redução de 19,42%, já a do conilon 29,63%. Em novembro de 2016, o conilon chegou a ser comercializada a R$ 521,31, preço que não se repetiu.
Em média, em, os grãos de conilon foram comercializados a R$ 423,14 a saca. Neste ano ela está saindo, em média, a R$ 297,77.
Segundo o gerente corporativo da área de café da Cooabriel que reúne 5,6 mil produtores de conilon , Edimilson Calegari, o preço baixo deve permanecer pelo menos por mais dois anos. Essa queda é resultado da oferta recorde de arábica no mercado. Além disso, ainda temos em estoques o que foi produzido em 2018. Também teremos uma safra grande do conilon e, mesmo em ano de bienalidade baixa, a colheita de arábica será boa, explica.
O Espírito Santo é o segundo maior produtor do país, sendo o primeiro do conilon. Segundo o IBGE, neste ano, a expectativa de colheita do Estado está entre 12,48 e 14,73 milhões de sacas beneficiadas.
Já a safra nacional deve variar entre 50,48 e 54,48 milhões de sacas beneficiadas. Se atingir o potencial máximo de produção, a colheita deve ser 11,64% inferior a de 2018 (61,65 milhões de sacas) e 21,16% superior a de 2017 (44,97 milhões).
Consumo
Um dos termômetro do preço é o consumo mundial do grão. Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafe), em 2018 os brasileiros consumiram 21 milhões de sacas de café, número 4,45% menor que em 2017 (22 milhões), o país é o segundo maior consumidor de café, perdendo apenas para os Estados Unidos. Para este ano a expectativa é de o país volte a consumir no mesmo patamar de 2017.
Já o consumo mundial em 2018 foi equivalente a 165,18 milhões de sacas. Em contrapartida a safra mundial 2018/2019 equivale a 167,6 milhões de sacas. A produção foi 2,42 milhões de sacas maior do que o consumo internacional.
Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, a colheita mundial, principalmente do Brasil e do Vietnã, maiores produtores, vêm pressionando os preços para baixo.
A percepção dos grandes compradores mundiais é de que existe produção suficiente para suprir a demanda mundial. Isso normalmente resulta em queda de preços. Porém, ela está durando mais tempo do que a cafeicultura gostaria, comenta.
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