O Espírito Santo bateu recorde na produtividade de café arábica e conilon. No ano passado, foram produzidas 38,85 sacas de conilon por hectare no Estado. A média de produção nacional é de 38,59 sc/ha. No caso do arábica, a produtividade de 2018 foi de 30,34 sc/ha, também a maior da história, bem perto da média nacional, que foi de 31,72sc/ha. Para este ano, a expectativa é de que a safra de conilon tenha um aumento de 20%.
Das 14,2 milhões de sacas de café conilon produzidas no país em 2018, 8,98 milhões foram colhidas em lavouras capixabas. A safra do ano passado foi 32,2% maior do que em 2017, e representou 63,4% do total de café conilon colhido no Brasil.
Como a expectativa é de um incremento entre 15% e 20% na produção de conilon neste ano, o Estado deve colher entre 9,4 milhões e 11,2 milhões de sacas. Há a possibilidade, portanto, de bater o recorde de 2014, quando foram colhidas 9,7 milhões de sacas.
O levantamento foi feito pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
MOTIVOS
De acordo com o coordenador de cafeicultura e pesquisador do Incaper, Abraão Carlos Verdin Filho, o fim da estiagem e as novas técnicas de manejo contribuíram para o aumento na produção.
Ao longo dos anos, o produtor de conilon no Espírito Santo tem usado tecnologia. Ele tem se aprimorado cada dia mais nas variedades melhoradas, espaçamentos mais adequados, utilização dos manejos de poda, manutenção equilibrada, irrigação bem-feita, ou seja, a tecnologia disponibilizada pelo Incaper e parceiros tem proporcionado isso, disse.
O aumento na área de produção de café no Estado também ajudou no recorde de produtividade. No ano passado, a área aumentou 38,6% em relação a 2017.
O presidente em exercício do Centro do Comércio do Café de Vitória (CCCV), Márcio Cândido Ferreira, reforçou o otimismo para a produção deste ano, e prevê números ainda maiores, com a produção de conilon podendo bater na casa de 14 milhões de sacas.
Com este cenário, a perspectiva é que o Espírito Santo exporte cerca de 2 milhões de sacas de café a mais este ano, o que deve injetar na economia capixaba aproximadamente US$ 150 milhões.
TECNOLOGIA
Produtor de café há 20 anos em Santa Teresa, Luiz Carlos Gomes, 62 anos, conta que teve muitos prejuízos com a estiagem que atingiu o Espírito Santo em 2016. Porém, nos últimos dois anos, ele investiu em novas tecnologias, o que fez a produção dele aumentar 20% no ano passado.
Só nos restava tratar bem das lavouras e implementar novas tecnologias. A substituição das lavouras já estava sendo feita com novos materiais e o clima ajudou nos últimos meses. Depois de um longo período de estiagem, o clima colaborou para que isso acontecesse.
Ao todo, o Brasil produziu 61 milhões de sacas de café em 2018, sendo 77% de arábica e 23% de conilon.
OS NÚMEROS
PRODUTIVIDADE
No Espírito Santo
Café conilon
38,85 sacas por hectare.
Café arábica
30,34 sacas por hectare.
No Brasil
Café conilon
38,59 sacas por hectare.
Café arábica
31,72 sacas por hectare.
PRODUÇÃO
No Espírito Santo
Café conilon
8,98 milhões de sacas no ano passado.
Café arábica
4,751 milhões de sacas no ano passado.
No Brasil
Café conilon
14,2 milhões de sacas em 2018.
Café arábica
46,97 milhões de sacas no ano passado.
ÁREA PRODUZIDA
No Espírito Santo
Houve aumento de 38,6% na área de plantio de café em 2018 ante 2017, reunindo os plantios de conilon
e arábica. (Incaper)
MAIOR OFERTA TEM DERRUBADO OS PREÇOS
O aumento na produtividade de café traz impactos para os ganhos dos produtores e até para o bolso do consumidor final. Devido à supersafra do ano passado, a quantidade maior do produto à venda no mercado pressionou para baixo os preços comercializados pelos agricultores.
No final do ano passado, o valor da saca de 60 quilos do conilon fechou em queda, a US$ 104,75, em média, o menor valor em oito anos. Em 2010, a saca de café saía em média a US$ 104,09. Depois das chuvas de 2013 e da longa estiagem, de 2014 a 2017, a lavoura se recuperou e a produção aumentou. Com oferta maior, os preços caíram.
Em meio a esse cenário, os produtores do Estado já estão preocupados que o valor de venda não cubra o custo de produção do grão.
Já o consumidor final também sente no bolso a maior produtividade no campo. Com mais oferta, o preço final do produto nos supermercados também reduz. O preço do café em geral vem em uma descendente. Para o produtor, o conilon é negociado a cerca de R$ 300. O consumidor final já vem sendo beneficiado por essa queda de preço ao longo do último ano e a tendência é o mercado se manter nesse patamar, afirmou o presidente em exercício do CCCV, Márcio Cândido Ferreira.
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