Em dia muito negativo no exterior, com retomada da aversão a risco relacionada à variante Delta do coronavírus, e forte queda do petróleo com a aguardada decisão da Opep+ sobre o nível de oferta, o dólar à vista se aproximou da marca de R$ 5,26 na máxima da sessão, resultando em acentuação de perdas no Ibovespa à tarde, embora relativamente moderadas no fechamento, a 124 394,57 pontos, em baixa de 1,24%, no menor nível desde 27 de maio (124.366,57). O índice da B3 oscilou entre os 123.317,27, em queda pouco acima de 2%, e os 125.958,07, da abertura, com giro a R$ 33,1 bilhões no encerramento. No mês, o Ibovespa cede agora 1,90%, limitando o ganho do ano a 4,52%. Hoje, o índice teve a terceira queda seguida, duas das quais superiores a 1%.
"Por um lado, a França está reabrindo para turistas vacinados e o Reino Unido colocando fim ao distanciamento social, no momento em que a variante Delta tem preocupado a todos. Já vemos alguns casos de contaminação de Covid em atletas em Tóquio, ainda antes do início da Olimpíada. E as aglomerações vistas na Eurocopa, especialmente no estádio de Londres, foram de assustar. Começa a se falar em terceira dose de vacina. Há uma combinação que leva o investidor a buscar proteção em ativos como Treasuries", diz Rodrigo Friedrich, sócio e head de renda variável da Renova Invest.
Assim, no exterior, as bolsas refletiram hoje os "temores da propagação do coronavírus com a variante Delta, além do forte recuo do petróleo após divulgação da Opep+ de que (os países-membros) concordaram em aumentar, durante este ano, os limites de produção do petróleo", observa em nota a equipe de análise da Terra Investimentos, destacando também o avanço observado no índice de volatilidade VIX, de Nova York. "Por aqui, o cenário político ainda permanece agitado, assim como a reforma tributária e suas modificações, porém sem muitos desdobramentos até agosto, quando o Congresso e a CPI da Covid devem retornar das férias", acrescenta a Terra.
"A decisão (da Opep+) foi de elevar a produção de petróleo em 400 mil barris por dia até o final de 2022. Tal medida deve começar a valer a partir de agosto de 2021, mas com uma reavaliação em dezembro deste ano", observa em nota o economista Guilherme Sousa, da Ativa Investimentos. "Hoje, sabemos que existe defasagem do preço praticado na gasolina doméstica em relação ao internacional, de aproximadamente 15%. O aumento de produção pode trazer um alívio nos preços dos combustíveis aos consumidores, no curto prazo, e essa defasagem deverá ser reduzida", acrescenta.
Nesta segunda-feira de forte correção nos preços do petróleo, com queda de quase 7% no Brent, negociado na casa de US$ 68 após ter chegado a superar recentemente a marca de US$ 75 por barril, Petrobras PN e ON fecharam respectivamente em baixa de 1,65% e 1,18%, após terem sustentado perdas superiores a 2%, em sessão também negativa para Vale ON, em queda de 1,09% no encerramento, em dia no qual o minério fechou em leve baixa de 0,18%, a US$ 221 por tonelada, em Qingdao (China).
Em meio à generalizada aversão a risco, um grupo restrito de ações conseguiu fechar o dia em terreno positivo: Rumo (+2,00%), Locaweb (+1,38%), Banco Inter (+0,86%), Energias BR (+0,39%), TIM (+0,34%), JBS (+0,24%), Marfrig (+0,21%) e Gerdau PN (+0,17%). Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para Americanas ON (-8,94%), resultante da combinação operacional de Lojas Americanas (-8,78%, segunda maior perda do dia) e B2W - também entre as maiores quedas do dia, Via Varejo cedeu 3,77%, Gol, 3,61%, e PetroRio, 3,45%. As perdas entre os grandes bancos ficaram entre 0,58% (Itaú PN e Unit Santander) e Bradesco PN (-1,48%), enquanto entre as siderúrgicas chegaram a 1,34% (CSN ON).
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