Os principais dados econômicos de outubro reforçaram a avaliação de grande parte do mercado financeiro de que a economia brasileira deverá crescer, no mínimo, 0,6% no último trimestre de 2019, com grande possibilidade de aceleração em relação ao terceiro trimestre.
Depois da expansão de 0,6% no período de julho a setembro, em relação aos três meses anteriores, as estimativas para o fim do ano variam de 0,6% a até 1% no período outubro-dezembro.
A avaliação é que as vendas da Black Friday e do Natal, com o impulso da liberação do FGTS, vão ajudar a melhorar os dados dos últimos dois meses de 2019.
Os bons números da economia têm levado a maioria dos analistas a revisar para cima as projeções de crescimento para 2020, que estão próximas de 2,5%, mais que o dobro do 1,1% estimado para 2019.
Há dúvidas, no entanto, em relação ao desempenho dos investimentos, do setor industrial e do mercado de trabalho no próximo ano.
Nesta sexta (13), foi divulgado o IBC-Br (índice de atividade do Banco Central), que cresceu 0,17% em outubro, depois de avançar 0,48% em setembro na comparação mensal. Em relação ao mesmo período de 2018, o crescimento se manteve em 2,1%. Em 12 meses, continuou em 1%.
As pesquisas do IBGE de produção industrial, comércio e serviços mostraram crescimento no mês, em alguns casos, abaixo do verificado em setembro, mas acima do esperado pelos analistas para esse mês do ano.
José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, afirma que é esperada uma melhora neste fim de ano em relação aos trimestres anteriores, mas diz não ver uma recuperação consistente do investimento, ainda restrito ao setor imobiliário em algumas cidades, e do nível de emprego. "Estamos oscilando em torno de uma coisa positiva, mas que não decola. É melhor do que o começo do ano, melhor do que eu mesmo esperava, mas não tão melhor", afirma.
O economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, diz que os dados divulgados até o momento apontam para um crescimento nos últimos três meses do ano maior do que o verificado no terceiro trimestre.
"A demanda doméstica dá sinais cada vez mais claros de que está ganhando tração, principalmente pelos componentes consumo e investimento. É de esperar que o investimento seja um segundo 'drive' que se juntou ao consumo das famílias para impulsionar um crescimento mais forte."
A instituição projeta um PIB de 1,1% neste ano e 2,2% no próximo. Porto afirma que, mesmo sem o incentivo do FGTS, o crescimento anualizado já está próximo de 2%. Ele estima avanço de 2,9% no consumo das famílias e mais de 4% no investimento no próximo ano, com destaque para o setor de construção.
Para o banco, o principal risco para a confirmação desse cenário é uma desaceleração da economia mundial, hipótese com a qual o Citi não trabalha.
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