Na contramão de Nova York desde o início do dia, o Ibovespa recuperou não apenas a linha de 122 mil pontos, mas também chegou a beliscar a de 123 mil, não vista desde meados de janeiro, emendando assim o terceiro ganho após a queda de 2,65% da última quarta-feira, quando se curvou aos receios globais sobre o avanço da inflação ao consumidor nos Estados Unidos. Nesta segunda-feira, favorecido desde cedo por novos dados positivos sobre o nível de atividade na China, fechou em alta de 0,87%, aos 122.937,87 pontos, após avanços de 0,97% e de 0,83% nas duas sessões anteriores. Commodities e siderurgia mantiveram o Ibovespa em terreno positivo na maior parte da sessão, entre mínima de 121.680,47 e máxima a 123.074,21 pontos (+0,98%), com giro a R$ 31,3 bilhões. No mês, o índice sobe 3,40% e, no ano, ganha 3,29%.
No meio da tarde, o Ibovespa passou a renovar máximas, atingindo seu maior nível intradia desde 15 de janeiro, quando foi a 123 471,59 pontos no pico daquela sessão. A máxima mais recente era a do último dia 11, em que atingiu 122.964,01 pontos durante a sessão. Nesta segunda, o índice da B3 foi carregado por mineração e siderurgia, em recuperação da correção de 12% do fim da semana passada no minério de ferro, quando prevaleceram temores de intervenção da China sobre os preços do aço, que estariam se descolando demais dos custos, em movimento que chamou a atenção de autoridades locais - o receio de intervenção nos preços resultou em temor e forte correção da commodity.
"A produção de aço, atingindo novos recordes na China, comprova a forte demanda por minério de ferro no país, levando o Ibovespa novamente para a faixa de 123 mil pontos", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, chamando atenção para a alta de 4% na produção de aço bruto na China em abril, com expansão de 16%, para 375 milhões de toneladas, acumulada no ano, o que "demonstra o apetite das siderúrgicas chinesas pelo minério de ferro".
"Hoje, a recuperação dos preços do minério contribuiu para o desempenho de Vale (ON +2,62%), CSN (ON +3,00%) e Gerdau (PN +3,48%), que estiveram entre os destaques do dia desde a manhã. Como pano de fundo, o dia negativo em Nova York, já sinalizado pelos futuros antes da abertura por lá. A semana é importante após a volatilidade da anterior, marcada pela incerteza em torno da inflação nos Estados Unidos, e o que o Fed poderá fazer em relação a isso daqui pra frente. O grande evento da semana, assim, é a ata do Fomc (comitê de política monetária do BC americano), além de falas de seus dirigentes", diz Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.
Nesta segunda, o vice-presidente do Federal Reserve, Richard Clarida, disse que o Fomc deve "ficar atento" às expectativas de inflação à medida que a economia dos Estados Unidos se recupera, a fim de evitar um descontrole dos preços. Ainda que veja os efeitos inflacionários como "transitórios" na maior parte, Clarida diz "não ter dúvidas" de que o Fed usará seus instrumentos caso as expectativas apontem para inflação acima da meta de cerca de 2% por um longo período.
Na B3, além do desempenho positivo observado desde cedo nas ações de mineração e siderurgia, o avanço de Petrobras (PN +1,45%, ON +1,17%, ambas na máxima da sessão no fechamento) e a virada positiva observada à tarde na maioria das ações de bancos (BB ON +1,77%, Santander +0,48%) deram um fôlego a mais para o Ibovespa, enquanto os índices de Nova York também se afastavam das mínimas do dia. Na ponta do índice da B3, destaque para alta de 4,87% em JHSF, à frente de Gerdau PN (+3,48%) e de Iguatemi (+3,21%). No lado oposto, Totvs (-2,06%), Magazine Luiza (-1,51%) e B3 (também -1,51%).
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