SÃO PAULO - Após a pausa do Natal, o dólar encerrou o pregão desta quinta-feira (26) com leve baixa de 0,11%, cotado a R$ 6,177, com uma nova intervenção do BC (Banco Central) no mercado de câmbio.
Já a Bolsa fechou com variação positiva de 0,25%, aos 121.077 pontos.
A autoridade monetária vendeu ao mercado US$ 3 bilhões em leilão à vista realizado no começo da sessão. Foram aceitas nove propostas entre 9h15 e 9h20.
Inicialmente, a ação havia levado o dólar a rondar a estabilidade, em seguida, apresentou forte queda e terminou o dia estável em relação a cotação anterior, de R$ 6,184.
Com a nova intervenção, subiu para US$ 30,77 bilhões o total de leilões realizados desde que a instituição passou a injetar dólares no mercado de câmbio há duas semanas.
Esta conta inclui tanto as operações à vista quanto os leilões de linha – venda de dólares com compromisso de recompra.
As operações do BC buscam atender à demanda por dólares por parte de empresas e fundos, para remessas ao exterior – algo comum nos finais de ano.
O BC também realizou um novo leilão de 15 mil contratos de swap cambial tradicional com prazos distintos (88 e 273 dias) para fins de rolagem do vencimento de 3 de fevereiro de 2025.
A operação visa a fornecer proteção cambial e impactar o mercado de dólar e juros futuros, buscando estabilidade no mercado financeiro.
A diferença nas taxas reflete o prazo e as condições de mercado esperadas para cada vencimento.
No exterior, os investidores estavam de olho nos rendimentos dos Treasuries, que avançavam diante dos dados econômicos recentes de que o ciclo de cortes de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) pode ser menor que o anteriormente projetado.
Na semana passada o Fed surpreendeu os mercados ao projetar um ritmo moderado de cortes na taxa de juros, fazendo com que os rendimentos dos Treasuries e o dólar subissem.
O dólar, no entanto, tinha sinais mistos: ele sustentava leves ganhos ante as moedas fortes, mas cedia ante divisas como o peso chileno, o peso mexicano e o peso colombiano.
As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) fecharam a quinta-feira (26) em alta firme, superior a 0,30 pontos percentuais em vários vencimentos, na esteira do avanço dos rendimentos dos Treasuries durante boa parte do dia e em meio à persistente desconfiança do mercado na política fiscal do governo Lula.
O avanço das taxas ocorreu a despeito de o dólar ceder ante o real durante a sessão e após o leilão realizado pelo BC.
A taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 15,345%, ante 15,222% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 15,63%, ante o ajuste de 15,441%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15%, ante 14,64% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,76%, ante 14,381%.
Os investidores repercutiram a notícia de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocou para a tarde desta quinta-feira uma reunião de emergência com líderes da Casa.
Na pauta estaria a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino de suspender o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares. A reunião foi convocada apesar do período de recesso parlamentar, que se estende até fevereiro.
Ainda no contexto fiscal, durante a tarde o Tesouro informou que a dívida pública federal subiu 1,85% em novembro ante outubro, para R$ 7,204 trilhões.
Neste cenário, a curva de juros brasileira voltou a abrir, com a ponta curta precificando para janeiro elevação superior a 0,10 pontos percentuais da Selic – atualmente em 12,25% ao ano.
No fechamento a curva brasileira precificava 36% de probabilidade de alta de 1,25 pontos percentuais da taxa básica Selic em janeiro e 64% de chance de elevação de 1,50 pontos percentuais.
O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Após duas sessões consecutivas de queda, o dólar encerrou o pregão da segunda (23) com disparada de 1,86%, a R$ 6,184. A situação refletiu a frustração dos agentes financeiros com as contas públicas após a aprovação do pacote de corte de gastos no Congresso Nacional, segundo analistas.
Esse foi o segundo maior valor nominal já registrado da moeda norte-americana, ficando atrás apenas do recorde alcançado em 18 de dezembro, quando fechou o dia a R$ 6,267.
Na segunda, a Bolsa encerrou em queda de 1,09%, aos 120.766 pontos.
Internamente, as preocupações dos investidores seguiram voltadas para a área fiscal do governo, ainda que na sexta-feira o Senado tenha concluído a votação do pacote de medidas para segurar os gastos públicos. Com o Congresso em recesso até fevereiro, Brasília também vai diminuindo o ritmo neste fim de ano.
No radar dos investidores também esteve o Boletim Focus, divulgado nesta segunda. Analistas consultados pelo Banco Central elevaram pela sexta semana seguida a projeção para a taxa básica de juros no final de 2025 e passaram a ver a Selic a 14,75%.
A projeção do mercado para a alta do IPCA em 2024 passou de 4,89% para 4,91% e em 2025 foi de 4,60% para 4,84% em ambos os casos bem acima da meta contínua de inflação perseguida pelo BC, de 3%.
O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O cenário para o câmbio também revela pressão, com projeção de dólar a R$ 6,00 no fim deste ano e a R$ 5,90 no encerramento do próximo.
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