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Com quórum baixo, Lira adia votação da PEC Kamikaze na Câmara

Com quórum baixo, Lira adia votação da PEC Kamikaze na Câmara

Risco de derrota da proposta que amplia benefícios sociais em ano eleitoral fez presidente da Câmara adiar a votação para a próxima terça-feira (12)

Publicado em 7 de julho de 2022 às 20:57

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  • Danielle Brant

BRASÍLIA - Com risco de derrota, o presidente da Câmara dos DeputadosArthur Lira (PP-AL), decidiu adiar a votação da PEC (proposta de emenda à Constituição) que autoriza o governo a criar um vale para caminhoneiros e taxistas, dobrar o valor do Auxílio Gás e ampliar o Auxílio Brasil para R$ 600 até o fim do ano, a um custo estimado em R$ 41,25 bilhões.

A decisão foi tomada após um requerimento de encerramento de discussão ser aprovado por 303 votos a 91 - para aprovar uma PEC, são necessários pelo menos 308 votos, em dois turnos. Ao encerrar a sessão, havia 427 deputados presentes, de acordo com o presidente da Câmara. Uma nova tentativa de votar o texto será feita na próxima terça-feira (12).

"Não vou arriscar nem essa PEC nem a próxima PEC com esse quórum na Câmara hoje, de 427", disse Lira.

Deputados durante sessão na Câmara, em Brasília
Deputados durante sessão no plenário da Câmara. (Elaine Menke - Câmara do Deputados)

A chamada PEC Kamikaze institui um estado de emergência, permitindo que Jair Bolsonaro (PL) fure o teto de gastos e abra os cofres públicos a três meses da votação para a Presidência sem esbarrar em restrições da lei eleitoral.

Bolsonaro ocupa o segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para votar o texto no plenário nesta quinta, Lira marcou uma sessão para as 6h30 - que foi encerrada às 6h31. Com isso, terminou o prazo de duas sessões de vista coletiva do relatório da PEC na comissão especial. A sessão também serviu para deputados registrarem presença  - os que retornaram a seus estados puderam votar remotamente por meio do aplicativo Infoleg. Mesmo assim, não foi possível obter o quórum necessário.

Na Câmara, a tramitação da PEC foi acelerada por Lira, aliado de Bolsonaro. Em vez de seguir o rito regimental de ter a admissibilidade analisada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) para, só então, ser encaminhada a uma comissão especial para análise do mérito, o texto foi apensado ao de outra PEC em tramitação e que já estava em comissão especial.

A PEC 15 acrescenta uma garantia de situação tributária vantajosa para os combustíveis não poluentes ao artigo da Constituição que trata sobre o direito de todos os brasileiros a um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

O texto não estabelece exatamente as alíquotas dos tributos que devem incidir sobre os biocombustíveis. Esses percentuais devem ser estabelecidos por meio de lei complementar.

A PEC que amplia benefícios sociais, por sua vez, tem um custo total de R$ 41,25 bilhões - maior que os R$ 38,75 bilhões acertados originalmente.

A PEC prevê a ampliação temporária do Auxílio Brasil em R$ 200, levando o mínimo a R$ 600 até o fim do ano. O custo da medida é estimado em R$ 26 bilhões para concessão do benefício por cinco meses  - de agosto a dezembro. O texto também autoriza o governo a zerar a fila do Auxílio Brasil. Para dobrar o valor do Auxílio Gás, o custo é de R$ 1,05 bilhão.

A proposta prevê um auxílio financeiro de R$ 2 bilhões a taxistas, concedido entre 1º de julho e 31 de dezembro. A PEC também destina R$ 5,4 bilhões para a criação de um auxílio de R$ 1.000 a caminhoneiros autônomos - o benefício tem vigência prevista na PEC entre 1º de julho e 31 de dezembro.

O texto aumenta em R$ 500 milhões a suplementação do programa Alimenta Brasil, que financia a aquisição de alimentos para doação a famílias de baixa renda. Há ainda R$ 2,5 bilhões em transferência para estados e municípios subsidiarem seus sistemas de transportes públicos.

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