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Com saída de Moro, dólar fecha a R$ 5,66, novo recorde; Bolsa cai 5,45%

Com saída de Moro, dólar fecha a R$ 5,66, novo recorde; Bolsa cai 5,45%

Bolsa de Valores de São Paulo intensificou as perdas nesta sexta e chegou perto de acionar o "circuit breaker". O dólar também reagiu negativamente e chegou à máxima histórica de R$ 5,74

Publicado em 24 de abril de 2020 às 18:24

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Câmbio em crise: Brasil tem dificuldades de controlar a alta do dólar
Câmbio em crise: Brasil tem dificuldades de controlar a alta do dólar. (Pixabay)

Com a saída do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, do governo, a Bolsa de Valores de São Paulo intensificou as perdas nesta sexta-feira (24), e chegou perto de acionar o "circuit breaker", mecanismo que suspende as negociações. Com os resultados negativos do pregão, a B3 fechou com queda de 5,45%, aos 75.330,61 pontos. O dólar também reagiu negativamente e chegou à máxima histórica de R$ 5,74. A moeda terminou o dia com alta de 2,40%, a R$ 5,66.

Em um dia marcado pelo cenário político tenso, o Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, já começou o dia em queda, nos 79 mil pontos. O índice continuou a se deteriorar rapidamente pela manhã e às 12h22, chegou a recuar 9,58%, aos 72 mil pontos, no menor valor do dia.

O dólar também sentiu os efeitos do pedido demissão, mas antes mesmo do anúncio de Moro, às 11h, já abriu em alta de quase 1%. Assim como a Bolsa, a moeda entrou em uma rápida escalada de preços e às 14h49, atingiu R$ 5,74, mais novo recorde nominal (quando não se desconta a inflação) para a cotação, repesentando uma alta de 3,92%. E o 'efeito Moro' persistiu ao longo do dia, para se ter uma ideia, às 15h38, a moeda ainda era negociada a R$ 5,724, com alta de cerca de 3,60%.

Nesta sexta, a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, foi oficializada via decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU) e assinado pelo presidente Jair Bolsonaro. Na quinta-feira (23), ao ser comunicado por Bolsonaro sobre a decisão, Moro já havia ameaçado deixar o governo, alegando que não poderia aceitar mudanças na chefia da PF. A saída de Moro ocorre uma semana depois da demissão de Luis Henrique Mandetta do Ministério da Saúde.

Nesse cenário, os investidores intensificaram a venda de ativos brasileiros, em meio ao aumento do risco político pela repercussão negativa da mudança no Ministério da Justiça. Perto de registrar uma queda de quase 10%, o Ibovespa ainda ameaçou acionar o "circuit breaker", quando as negociações são interrompidas por um determinado tempo, ao ser majoritariamente afetado pelas fortes perdas das estatais.

Além das ações da Petrobrás, companhia brasileira que tem forte peso na Bolsa, outras blue chips, ações de empresas de grande porte, foram fortemente afetadas pelo discurso do agora ex-ministro Moro. No início da tarde, Vale ON tinha queda de 2,21%. No caso da mineradora, operadores apontam que a alta do dólar ajuda a empresa, que tem receitas dolarizadas.

Entre os bancos, Itaú Unibanco PN tinham perdas de 6,53%, enquanto Bradesco ON cai 11,01%, e os papéis PN recuam 9,20%. Banco do Brasil ON, tinha a maior baixa do setor, de 13,19%. Com a saída de Moro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, agora está sob os holofotes. Ruídos em torno do nome dele cresceram após o cancelamento de participação em lives marcada para esta sexta-feira.

EURO TAMBÉM OPERA EM ALTA

Além do dólar, o euro, moeda oficial da União Europeia, também tem crescimento expressivo neste ano. Desde janeiro, a valorização é de mais de 30% frente ao real. No primeiro dia do ano, a moeda era cotada em R$ 4,50. Na manahã desta sexta atingiu seu mais novo recorde nominal, ultrapassando, pela primeira vez, a marca de R$ 6, chegando a R$ 6,17.

Este ano o dólar já acumula alta de mais de 40%, em em meio a todo o caos econômico provocado pela pandemia do novo coronavírus, causador da covid-19, e, em alguns momentos, por fatores de instabilidade política no País. Para se ter uma ideia, no início de janeiro, a moeda tinha cotação próxima de R$ 4.

BOLSAS NO EXTERIOR

As Bolsas da Europa fecharam a sexta com perdas generalizadas. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em queda de 1,10%, enquanto na Bolsa de Londres, o índice FTSE 100 fechou com baixa de 1,28%. Em Frankfurt, o índice DAX caiu 1,69%, a 10.336,09 pontos e na Bolsa de Paris, o índice CAC 40 fechou em queda de 1,30%. O índice FTSE MIB, da Bolsa de Milão, recuou 0,89%, em Madri, o índice IBEX 35 fechou em baixa de 1,97% e na Bolsa de Lisboa, o índice PSI 20 recuou 0,88%.

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Na China continental, o Xangai Composto recuou 1,06% e o menos abrangente Shenzhen Composto caiu 1,48%, ignorando uma decisão do banco central chinês (o chamado PBoC) de reduzir a taxa de juros da sua linha de crédito de médio prazo direcionada, de 3,15% para 2,95%. Em outras partes da Ásia, o japonês Nikkei teve queda de 0,86% em Tóquio, enquanto o Hang Seng recuou 0,61% em Hong Kong, o sul-coreano Kospi cedeu 1,34% em Seul e o Taiex caiu 0,18% em Taiwan. Na Oceania, por outro lado, a Bolsa australiana ficou no azul, ajudada por petrolíferas, cujas ações subiram em linha com a recuperação das cotações do petróleo nos últimos dias. Em resposta, o S&P/ASX 200 avançou 0,49% em Sydney.

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