Após ter chegado a ficar abaixo dos 118 mil pontos na mínima do dia, o Ibovespa conseguiu moderar as perdas, amparado na expectativa de que 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, importadas da Índia, sejam embarcadas para o Brasil na sexta-feira. As incertezas sobre o fiscal em meio ao lento avanço da vacinação mantiveram o índice da B3 em baixa nesta quinta-feira pela terceira sessão consecutiva, colocando as perdas da semana a 1,68% e neutralizando os ganhos que haviam se acumulado no ano (agora -0,58%).
Nesta quinta, o Ibovespa fechou em baixa de 1,10%, a 118.328,99 pontos, tendo oscilado entre mínima de 117.785,13 (-1,56%), menor nível desde 5 de janeiro, e máxima de 120.242,86, com abertura a 119.628,41. O giro financeiro foi de R$ 34,8 bilhões
O ministro das Relações Exteriores da Índia, Harsh Vardhan Shringla, confirmou que o governo indiano liberou a exportação comercial de vacinas contra a covid-19. As primeiras remessas devem ser enviadas ao Brasil e Marrocos, de acordo com relato da Reuters. A chegada das vacinas foi confirmada pelo Ministério da Saúde, em Brasília, para o fim da tarde desta sexta-feira.
A notícia contribuiu para mitigar os temores sobre a situação fiscal, que prevaleciam desde cedo, descolando a B3 do dia positivo (ao final, misto) em Nova York, onde S&P 500 e Nasdaq voltaram a renovar máxima histórica de fechamento.
Enquanto a posse de Joe Biden na presidência dos Estados Unidos, sem incidentes, reforça a percepção de que o país esteja caminhando para normalização política, e com a economia próxima a receber novos estímulos, no Brasil os investidores observam não apenas a dificuldade de importação de insumos para dar continuidade à produção de vacinas (por enquanto, restrita ao Butantan) como também se afligem com os sinais de que, sem retomada da economia, a solução continuará a ser emergencial, agravando a perspectiva fiscal.
Nesta quinta-feira, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato à presidência do Senado, afirmou que "a rigidez do teto pode ser relativizada", tendo em vista o "momento de necessidade". "O auxílio emergencial precisa ser discutido com senadores e o Ministério da Economia", apontou o candidato, que conta com apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na avaliação de Pacheco, o teto de gastos não pode ser "intocado".
Por sua vez, o deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato à presidência da Câmara, afirmou que a base de beneficiários do auxílio emergencial deve ser enxugada. Lira é líder do Centrão e também tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro na disputa pelo cargo. "Penso que foi providencial para manutenção da economia aquecida, mas sabemos que ele teve falhas. Acho que a base de recebimento será menor. O cadastro será mais polido", disse.
"Há muito ruído na política. Depois da frustração em relação à vacina, o medo é de que Bolsonaro, doído, possa tentar compensar com auxílio emergencial, em um contexto fiscal já complicado. O Guedes costumava aparecer nessas horas para fazer um contraponto", observa Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante, chamando atenção para o silêncio da equipe econômica em momento no qual a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado tende a inflamar a retórica dos candidatos.
Nesta quinta-feira, o bom desempenho de Vale ON (+1,13%) e de parte do setor de siderurgia (CSN +0,97%) contribuiu para amenizar um pouco o efeito negativo, para o Ibovespa, das ações de bancos (Santander -2,41%, Bradesco ON -1,81%) e de Petrobras (PN -2,34%, ON -1,89%). Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para Eletrobras (PNB -6,15%, ON -5,15%), após o senador Pacheco mostrar falta de apetite pela privatização, Eztec (-5,64%) e Cyrela (-5,35%). No lado oposto, PetroRio subiu 4,90%, à frente de B2W (+2,62%) e Copel (+1,77%).
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta