Mesmo com a melhora no mercado formal de trabalho registrada em julho, o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) questionou nesta quinta-feira (26) como ser possível gerar emprego "com uma CLT tão rígida assim".
No mês passado, foi registrada a abertura de 316.580 vagas de emprego com carteira assinada no país, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (26) pelo Ministério do Trabalho e Previdência.
O saldo foi resultado de 1,656 milhão de contratações e 1,339 milhão de desligamentos no mês, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados)
"Alguém é patrão aqui? Então você sabe o que é dificuldade, né. Como é que pode gerar emprego com uma CLT tão rígida dessa forma? E quando se fala em CLT, o pessoal se volta contra, 'aí, quer acabar com direito'", disse o presidente a apoiadores no Palácio do Alvorada.
A declaração de Bolsonaro ocorreu após um dos apoiadores dizer que queria apresentar um plano de geração de empregos. No vídeo, ele não dá maiores detalhes sobre o suposto plano ou a entrega do documento.
Segundo dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados no final de junho, o número de desempregados totalizou em 14,8 milhões, entre fevereiro e abril.
O patamar representaria ainda impacto da pandemia no mercado de trabalho: a taxa ficou em 14,7% no trimestre. O Brasil permanece no nível recorde da série histórica no país, iniciada em 2012.
Ao divulgar os dados do Caged nesta quinta-feira, o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, fez um discurso contrário às medidas adotadas para conter o avanço da pandemia.
"O lockdown não funcionou em nenhum lugar do mundo. Não há comprovação científica de que tenha funcionado", disse.
Há estudos que mostram a eficácia dessa decisão em cidades e países que precisaram reduzir a contaminação da Covid-19.
Onyx, porém, insistiu em afirmar que as medidas de distanciamento social atrapalharam o desempenho da economia.
"Imagina que número estaríamos falando agora [resultado da abertura de vagas formais] se o Brasil não tivesse praticado o fecha tudo, que governadores e prefeitos promoveram ao longo do ano passado e parte deste ano", disse.
O discurso do ministro está em linha com o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que busca atacar governos estaduais e municipais pelo impacto da pandemia na atividade econômica.
Onyx, por outro lado, não cita qual teria sido o efeito no número de mortes se as medidas de distanciamento e isolamento social não tivessem sido adotadas no país.
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