RIO BRANCO (AC) - Com o sexto reajuste dos combustíveis em 2021 anunciado na última segunda-feira (8), o preço do litro da gasolina chegou a R$ 8,20 em Marechal Thaumaturgo (Acre), município a 577 km da capital Rio Branco, na fronteira do Brasil com o Peru.
A cidade é isolada. Só de barco ou avião é possível chegar lá. Para complicar a situação, o aeroporto está interditado desde dezembro pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), por causa das péssimas condições da pista.
Thaumaturgo possui uma frota de 321 carros e 239 motocicletas, segundo o Detran. São os barcos, contudo, os maiores consumidores de combustível na cidade.
Segundo o IBGE, 60% dos 19.299 habitantes moram na zona rural e se locomovem para o centro comercial usando embarcações. Oito dos sete postos de combustível existentes na cidade funcionam no rio.
"Quando a Petrobras anuncia o aumento lá, no outro dia eles já aumentam o preço aqui. Eles também não fornecem a nota fiscal", reclama o auxiliar administrativo Jobson Menezes, que diz gastar mais de R$ 800 mensais para abastecer o veículo.
A Petrobras anunciou na segunda (8) novos reajustes nos preços da gasolina e do diesel, com vigência a partir da terça (9). A gasolina vendida pelas refinarias da estatal subiu 8,8%. Já o diesel teve aumento de 5,5%.
Foi o sexto reajuste da gasolina e o quinto do diesel em 2021, com altas acumuladas de 54% e 41%, respectivamente.
Os donos de postos de combustível em Marechal Thaumaturgo se recusam a falar sobre o preço praticado na cidade. Sob a condição de não ter o nome publicado, um gerente disse que a logística para levar o produto até a cidade não se aplica em nenhum outro lugar do país.
O combustível é comprado em Porto Velho (RO), e entregue em Cruzeiro do Sul (AC), depois de uma viagem de 1.200 km por via terrestre. Em seguida a carga é colocada em uma balsa que viaja três dias subindo o rio Juruá até chegar na cidade.
Mesmo com as dificuldades logísticas, o preço praticado pelos empresários chamou a atenção do Procon. A diretora do órgão no Acre, Alana Albuquerque, disse nesta quarta-feira (10) que uma equipe de fiscais seguiu para a cidade para fiscalizar os postos e elaborar um relatório.
"Não é um procedimento correto não emitir a nota fiscal. Nosso pessoal vai fiscalizar os postos, elaborar um relatório que vamos encaminhar para a Promotoria de Defesa do Consumidor. Caso encontrem alguma irregularidade lá, vamos adotar as medidas previstas em lei", garante.
Com impactos em sua imagem e risco de paralisação dos caminhoneiros, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu nas últimas semanas subir o tom contra a política de de preços da Petrobras, em processo que culminou com o anuncio da troca do presidente da estatal, Roberto Castello Branco.
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