Em julho, o Banco Central afirmou que, com o Pix, será possível sacar dinheiro no varejo. Depois disso, a empresa de caixas eletrônicos Tecban afirmou que também oferecerá essa solução.
Agora a Abecs (associação da indústria de cartões) afirmou que também trabalha com essa possibilidade.
O saque no varejo existe em diversos países e chegou a existir no Brasil em um passado distante, segundo Ricardo Vieira, diretor da Abecs. Não havia um padrão e o serviço caiu em desuso.
Mas Vieira diz que, no fim do ano passado, o Banco Central abriu uma consulta pública para que a indústria apresentasse uma proposta de retomada do saque no varejo. Desde então as bandeiras (como Mastercard e Visa) organizam uma padronização para a prestação desse serviço.
O sistema da Abecs recebeu provisoriamente o nome de compra com troco e deve permitir a retirada de R$ 20 a R$ 200.
No sistema, as taxas cobradas para uso do cartão e que remuneram banco, bandeira e maquininhas continuam existindo.
O executivo da Abecs nega que a iniciativa seja resposta à concorrência oferecida pelo Pix, sistema de pagamentos instantâneos, que deve ser lançado em novembro.
"[A solução] não nasceu contra ou a favor [do Pix], nasceu de uma demanda do regulador", afirma Vieira.
Não há, no entanto, um prazo para que o serviço esteja disponível. A proposta de padronização está em finalização na Abecs e depois será submetida à aprovação do BC. Depois, há ainda uma fase de implementação tecnológica.
Vieira afirma, porém, esperar que as primeiras transações possam ocorrer ainda neste ano.
O executivo falou em uma entrevista para detalhar o desempenho da indústria de cartões no segundo trimestre, que é o mais fortemente afetado pela crise econômica gerada pelas medidas de controle da pandemia do coronavírus.
O volume de compras pagas com cartões no trimestre caiu 7,7%, um reflexo da retração do consumo de produtos e serviços. É a primeira vez que a Abecs registra queda no volume de transações com cartão.
O tombo maior foi registrado nas compras com cartão de crédito, usados para parcelamento de viagens ou produtos eletrônicos.
No semestre, a indústria ainda acumula crescimento real de 3% no volume transacionado com cartões.
"Existe uma tendência de recuperação no volume transacionado. Ainda estamos revendo os modelos de projeção, mas continua na expectativa de que a indústria apresentará crescimento na casa dos 3% no ano", afirmou Vieira.
A Abecs também apontou um crescimento nos pagamentos eletrônicos (sem o uso presencial do cartão), reflexo do crescimento do comércio eletrônico enquanto as lojas físicas ainda têm restrições de funcionamento. A expansão foi de 14%, para R$ 86,7 bilhões.
"O cartão de crédito reduziu como um todo, mas as compras remotas tiveram crescimento. Isso mostra como comércio se portou no segundo trimestre", disse o executivo da Abecs.
Aumentou também o pagamento por aproximação nas lojas físicas, o que Vieira classificou como uma combinação de um aumento da aceitação da tecnologia, maior divulgação e crescimento da base de cartões e também resultado do comportamento do consumidor, que não desejava digitar a senha nas maquininhas.
O valor máximo para pagamento por aproximação e sem senha foi elevado de R$ 50 para R$ 100, mas nem toda a indústria já oferece o novo valor. Vieira acredita que a transição completa, que também depende de tecnologia, ocorrerá até 14 de setembro.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta