As contas públicas do país registraram um déficit primário de R$ 23,7 bilhões em março, pior resultado desde dezembro de 2018.
Os dados divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira (30) ainda não refletem os efeitos da crise do coronavírus.
Em fevereiro, o rombo foi de R$ 20,9 bilhões e, em março do ano passado, o déficit foi de R$ 18,6 bilhões.
No acumulado do ano, o resultado primário foi positivo em R$ 11,7 bilhões, puxado por janeiro -que teve superávit de R$ 56,2 bilhões.
O resultado primário indica a capacidade do governo de pagar as contas, exceto os encargos da dívida pública. Se as receitas são maiores que as despesas, há superávit. Caso contrário, há déficit.
De acordo com os dados do BC, houve piora nas contas dos estados e municípios, que teve déficit de R$ 2,6 bilhões. Em fevereiro, os governos regionais tiveram superávit de R$ 5,24 bilhões.
"Ainda não temos elementos suficientes para afirmar que foi resultado de efeito do coronavírus, com a queda da arrecadação e aumento de gastos por conta da pandemia. Mas houve diminuição de repasse da União", analisou Fernando Rocha, chefe do departamento de Estatísticas do BC.
A meta fixada em lei era de déficit de R$ 118,9 bilhões para 2020. Mas, com o decreto de calamidade pública por conta da pandemia da Covid-19, esse valor poderá ser maior.
O resultado nominal, que inclui os juros da dívida pública, foi deficitário em R$ 79,7 bilhões em março, maior da série para o mês.
No acumulado em 12 meses, resultado nominal foi negativo em R$ 457,9 bilhões, o equivalente a 6,24% do Produto Interno Bruto (PIB), 0,22 ponto percentual a mais que em fevereiro.
Em março, houve queda na dívida líquida do setor público em 1,9 ponto percentual, alcançando 51,7% do PIB (Produto Interno Bruto).
De acordo com o BC, a diminuição ocorreu por conta da forte alta do dólar no período, de 15,6%.
Quando há valorização da moeda americana, há também redução do valor da dívida líquida em reais por conta das reservas internacionais.
"Como a dívida líquida é credora em moeda estrangeira, sempre que o dólar aumenta, significa uma redução", disse Rocha.
A dívida bruta, no entanto, aumentou 1,7 ponto percentual e foi para 78,4% em março.
Nesta quarta-feira (29), o governo afirmou que o déficit deve ficar acima de R$ 550 bilhões neste ano, devido ao aumento de gastos públicos entre abril e junho por conta da pandemia.
De acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, os rombos devem começar a diminuir somente a partir de julho.
Os comentários foram feitos durante entrevista sobre os dados fiscais divulgados pelo Tesouro, que registraram déficit de R$ 21 bilhões em março.
Os números divulgados pelo Tesouro e pelo Banco Central têm metodologias diferentes. A autoridade monetária utiliza o cálculo "abaixo da linha", que leva em conta a necessidade de financiamento do setor público descontando os juros da dívida.
O Tesouro calcula os dados fiscais "acima da linha", que são receitas menos despesas, exclusive juros.
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