Mesmo diante de pressão da inflação, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manteve a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 2% ao ano nesta quarta-feira (9). A decisão foi unânime e na linha do que já esperava o mercado. O atual patamar segue sendo o menor da história da Selic desde 1999, quando entrou em vigor o regime de metas para a inflação.
É a terceira reunião seguida sem mudanças na Selic, após nove cortes consecutivos. Com a curva ascendente da pandemia de coronavírus, o Copom avaliou que a doença pode afetar a atividade econômica no curto prazo, embora os resultados nos testes com vacinas contra a Covid-19 tendem a trazer melhora da confiança e normalização da atividade no médio prazo.
A definição desta quarta ocorre em meio à pressão inflacionária, especialmente com a alta nos preços de alimentos e combustíveis. O Comitê ponderou que as "últimas leituras de inflação foram acima do esperado e, em dezembro, apesar do arrefecimento previsto para os preços dos alimentos, a inflação ainda deve se mostrar elevada". No entanto, avalia que "os choques atuais são temporários" e que a inflação deve cumprir a meta para o ano.
Com o choque recente nos preços, o mercado tem aumentado as expectativas de inflação para o fechamento deste ano e para o próximo. Para 2021, a projeção do Copom é que a Selic seja elevada até 3% ao ano, chegando a 4,5% ao ano em 2022.
A Selic é a taxa de juros básica do Brasil, ou seja, é a referência usada para o pagamento da dívida pública pelo governo. Ela também influencia as demais taxas de juros dos bancos e altera a rentabilidade de algumas aplicações financeiras como a poupança e outros investimentos mais conservadores.
A taxa é usada pelo Banco Central como ferramenta para controlar a inflação, garantindo que ela fique dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), já que a alta ou a queda dos juros influencia o consumo das famílias e a tomada de crédito no país.
Para este ano, a meta da inflação está em 4%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%.
Em linhas gerais, quando a inflação está alta, aumentam-se os juros para reduzir o consumo e forçar uma queda nos preços. Quando a inflação está muito baixa, o Banco Central reduz a Selic para estimular o consumo.
A previsão do mercado financeira no boletim Focus desta semana é que a mediana da inflação feche o ano em 4,21%. Já a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo em 2021 está em 3,34%.
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