Os brasileiros estão otimistas em relação ao futuro da economia do país, à sua situação financeira e à expectativa de queda da inflação e do desemprego em 2022. A avaliação sobre o ambiente econômico nos últimos meses, por outro lado, é bastante negativa.
É o que mostra pesquisa Datafolha realizada de 13 a 16 de dezembro, com 3.666 brasileiros em 191 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para baixo ou para cima.
Para 42%, a situação econômica do país vai melhorar nos próximos meses. Para 20%, irá piorar. Outros 35% dizem que ficará como está.
Os números são melhores que os verificados no final de 2020, quando 28% esperavam melhora, 41% piora e 28% estabilidade. Naquele momento, havia mais incertezas e restrições de circulação devido à crise sanitária provocada pelo coronavírus.
As expectativas estão agora próximas das verificadas em dezembro de 2019, antes da pandemia, quando eram 43% os otimistas, 24% os pessimistas e 31% prevendo situação estável.
Em março deste ano, durante a segunda grande onda da pandemia, o otimismo alcançou o ponto mais baixo (11%) -e o pessimismo o mais elevado (65%)- no atual governo.
Segundo o Datafolha, a expectativa de melhora está acima da média entre empresários (50%), evangélicos (49%) e apoiadores do governo (65%). A avaliação de que irá piorar é maior entre os mais ricos (33%), pessoas com curso superior (29%) e aqueles que reprovam o atual presidente (28%).
Em relação à situação econômica do próprio entrevistado, 56% avaliam que ela irá melhorar, maior percentual desde a pesquisa de abril de 2019 (59%). São 9% os que dizem que vai piorar, menor valor verificado no atual mandato presidencial.
De maneira geral, 73% esperam que o ano que vem seja melhor que 2021 para todos os brasileiros, enquanto apenas 8% dizem que será pior e 15% avaliam que será igual.
O otimismo é maior entre pessoas de menor renda. Cerca de 75% dos entrevistados de famílias com até cinco salários mínimos de renda esperam um 2022 melhor. São cerca de 60% nas faixas de maior renda.
A expectativa positiva cai entre os entrevistados de maior escolaridade. Também é menor no Sudeste (68%) do que no Nordeste (78%).
Embora estejam otimistas em relação ao futuro, os entrevistados ainda fazem uma avaliação negativa sobre a situação atual da economia brasileira e das próprias finanças.
Para 65%, a situação econômica do país piorou nos últimos meses. Eram 69% na pesquisa realizada há três meses, uma oscilação no limite da margem de erro.
Os números são praticamente o dobro dos registrados no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro. Ou seja, ainda estão longe do clima de início de mandato e do período pré-pandêmico.
O percentual de entrevistados que verificou melhora passou de 11% em setembro para 13% em dezembro deste ano. No final de 2019, o número estava em 28%.
Em relação à sua própria situação, subiu de 15% em setembro para 19% em dezembro os que viram melhora nos últimos meses. São 47% que afirmam ter visto piora, ante 53% em setembro.
Segundo o Datafolha, a situação financeira melhorou para 30% na faixa de renda acima de dez salários mínimos --ante 14% na faixa até dois salários--, para 37% dos empresários e 35% dos apoiadores do governo.
Olhando o recorte por trimestre, a economia brasileira vinha se recuperando da recessão provocada pela pandemia até os três primeiros meses deste ano. Desde abril, está praticamente estagnada, com expectativa de que continue assim durante todo o próximo ano.
Alguns economistas avaliam que o país continua em recessão e não deve sair dessa situação em 2022.
A inflação deve cair daqui para a frente na avaliação de 26% dos brasileiros, segundo a pesquisa Datafolha. Esse é o maior percentual registrado no atual governo em relação a essa questão.
São 46% os que avaliam que a inflação irá subir, menor patamar registrado na atual gestão, empatado na margem de erro com os resultados de abril e agosto de 2019 (45% e 46%, respectivamente). Outros 23% afirmam que a inflação ficará como está.
Na pesquisa de setembro deste ano, eram 69% os que esperavam alta da inflação, 12% os que viam queda e 15% aqueles que apostavam na estabilidade.
Em relação ao poder de compra dos salários, 35% avaliam que irá aumentar e 25% que irá cair. Em ambos os casos, são as melhores marcas no governo Bolsonaro.
As projeções de inflação mostram que o IPCA (índice de preços ao consumidor) irá recuar de cerca de 10% ao final deste ano para aproximadamente 5% daqui a 12 meses. A inflação deverá cair, mas ainda ficará acima do centro da meta do Banco Central (3,5% em 2022).
A pesquisa também mostra que, para 35% dos entrevistados, o desemprego irá aumentar em 2022, mesmo índice dos que esperam queda. Os dois números são os melhores na atual gestão.
A expectativa de aumento do desemprego esteve sempre acima de 42% no período 2019-2021, tendo chegado ao patamar recorde de 79% em março deste ano.
Naquele mesmo mês, só 10% esperavam queda do indicador de desocupação. Nesse caso, o melhor resultado na atual gestão eram os 31% registrados nas pesquisas de julho e agosto de 2019.
Sobre o desemprego, o Datafolha mostra que 11% dos trabalhadores estão desempregados. Destes, 41% dizem não ter emprego há mais de dois anos, 18% estão nessa situação há mais de um ano e menos de dois anos. Outros 39% estão desocupados entre menos de um mês e um ano.
As projeções de mercado são de manutenção da taxa de desemprego em patamares elevados (cerca de 12%) até o final de 2023.
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