O assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, por dois seguranças da rede de supermercados Carrefour na noite da quinta-feira (19) é apenas a mais recente polêmica envolvendo a marca. E não só no Brasil. Nos últimos anos, o Carrefour foi criticado por ações consideradas discriminatórias tanto na França, seu país de origem, como no continente africano.
Em 2017, o site Rue du Commerce, que pertencia ao grupo Carrefour, publicou um anúncio de uma fantasia infantil descrita como o de "uma criança deportada" da Segunda Guerra Mundial.
Alertada por vários internautas, a Rue du Commerce retirou o anúncio lembrando que "a oferta foi colocada por um dos seus parceiros comerciais". O site de vendas online que veiculou o anúncio pediu desculpas no Twitter.
O Rue do Commerce também foi alvo de críticas por anúncios de fantasias de "disfarce de africano".
Em 2013, uma associação antidiscriminação tunisiana ameaçou processar o varejista francês por conta de um anúncio considerado racista.
Tratava-se de uma foto publicada no perfil do Facebook da franquia tunisiana do grupo em que jogadores do time de futebol tunisiano davam bananas para crianças negras.
Em 2009, o Carrefour francês processou um ex-segurança por ter questionado na imprensa o comportamento da empresa depois que ele registrou queixa por um insulto racista que ouviu de um cliente, que era funcionário do Ministério da Imigração.
Segundo relato do segurança, ele foi chamado por um caixa para verificar os documentos de identidade de um cliente que desejava pagar as compras com um cheque.
O cliente, então, teria dito a ele: "Senhor, eu o conheço, o senhor é indocumentado [imigrante ilegal]. Você não sabe quem eu sou. Você pode colocar um ponto final na sua carreira".
Depois do episódio, o segurança foi demitido e processado por difamação pelo Carrefour por comentários feitos em uma entrevista ao contar o caso.
Em 2002, uma empresa de cobrança contratada pelo Carrefour de Marselha enviou uma carta a um cliente que pagou com um cheque sem fundos de 24,67 euros (R$ 157,37 na cotação atual).
A correspondência continha ameaças de bloqueio da conta bancária e incluía um parágrafo afirmando que a empresa poderia prestar queixa nos serviços policiais, em alusão a um possível status ilegal do destinatário no país.
A carta dizia: "se você é beneficiário de uma autorização de residência, enviaremos seu processo ao Ministério do Interior em Paris".
Questionado sobre esses casos, o Carrefour afirmou, em nota, que "repudia todo e qualquer ato de violência, intolerância e descriminação".
"Nós temos valores muito fortes que vão contra este tipo de atitude em todos os países que atuamos, mas sabemos que, infelizmente, algumas pessoas acabam por não cumprir essas regras", disse por meio de sua assessoria.
A empresa disse ainda que "é nosso papel reforçar, cada vez mais, nossos treinamentos, e sensibilizações para que episódios como estes não voltem a se repetir" e que tem como missão "não só estabelecer regras e reforçar nossos valores, mas também de sermos uma empresa que luta, cada vez mais, contra o racismo".
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