SÃO PAULO - Renault Kwid e Fiat Mobi, os carros zero-quilômetro mais baratos do país, custam cerca de R$ 69 mil, segundo levantamento feito pela reportagem junto a montadoras. Entre os dez modelos mais em conta, o preço pode chegar perto dos R$ 85 mil.
Na lista, também estão carros como Citroën C3, Hyundai HB20 e Chevrolet Onix.
Os carros populares são alvo de um plano anunciado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) nesta quinta-feira (25) que vai reduzir o IPI e o PIS/Cofins para veículos de até R$ 120 mil.
O objetivo do governo Lula é diminuir os preços iniciais de modelos compactos com motor 1.0 para uma faixa entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. A redução de tributos valerá para veículos de até R$ 120 mil e o desconto será maior para modelos mais baratos.
Para Milad Kalume, gerente de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics, apesar da redução tributária, o governo vai precisar dar atenção para outros problemas, como o juro alto. Segundo ele, o tíquete médio do veículo brasileiro dobrou nos últimos cinco anos e as parcelas do financiamento ficaram maiores.
"O preço do carro está muito mais alto, então você tem que financiar uma parcela muito grande para você comprar o seu carro novo. A taxa de juros está muito alta, o crédito para financiamento está restrito. A gente praticamente inverteu a regra que tínhamos anos atrás que seria de 70% de financiamento e 30% à vista. Hoje, a gente está 60% à vista e 40% no financiamento", afirma.
Segundo Kalume, os preços dos automóveis nos últimos anos também foram impactados pela escassez de semicondutores --componentes eletrônicos que estão presentes no sistema de freio, nos airbags, no gerenciamento do motor, no equipamento multimídia e em diversas outras partes de um carro.
Ele explica que, enquanto a indústria automobilística parou no começo da pandemia, em meio a incertezas sobre o futuro, o setor de eletrônicos viveu um boom de vendas, estimuladas pelo home office. Quando as montadoras voltaram a produzir, ficaram no final da fila, diz ele.
Os altos preços dos carros populares tornaram-se tema frequente de reclamação do presidente Lula. "A fábrica de automóveis não está vendendo bem, mas qual pobre pode comprar um carro popular de R$ 90 mil?", questionou o mandatário, durante sessão inaugural do Conselho de Desenvolvimento, Econômico e Social, no início do mês.
De acordo com o novo plano anunciado hoje, a diminuição nos preços finais dos veículos vai variar entre 1,5% e 10,79%, com descontos maiores para carros mais baratos. As alíquotas para cada faixa de redução ainda serão anunciadas pelo governo.
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