O desemprego voltou a cair no Brasil, mas a renda média do trabalho ainda dá sinais de fragilidade, com baixa de quase 8% em um ano, indicam dados divulgados nesta terça-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o instituto, a taxa de desocupação recuou para 10,5% no trimestre encerrado em abril deste ano. É a menor marca para o período desde 2015 (8,1%), quando a economia amargava período de recessão.
Nos três meses imediatamente anteriores (novembro de 2021 a janeiro de 2022), o indicador de desemprego estava em 11,2%.
O novo resultado (10,5%) veio abaixo das estimativas do mercado financeiro. Na mediana, analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam taxa de desocupação de 10,9% até abril.
O número de desempregados, por sua vez, recuou para 11,3 milhões no mesmo período, apontou o IBGE. O contingente estava em 12 milhões até janeiro.
Pelas estatísticas oficiais, a população desocupada reúne quem está sem trabalho e segue à procura de novas vagas.
Os dados divulgados nesta terça integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), que retrata tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Ou seja, são avaliados desde empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos.
"Estamos diante da manutenção do processo de retração da taxa de desocupação, que vem ocorrendo desde o trimestre encerrado em julho de 2021, em função, principalmente, do avanço da população ocupada nos últimos trimestres", disse Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.
O contingente de pessoas ocupadas com algum tipo de trabalho foi estimado em aproximadamente 96,5 milhões, recorde da série histórica, iniciada em 2012.
Houve alta de 1,1% ante o trimestre anterior (1,1 milhão a mais), com o impacto da criação de postos formais.
O número de empregados com carteira assinada no setor privado foi de 35,2 milhões de pessoas, elevação de 2% (690 mil a mais) frente ao trimestre anterior.
Em termos absolutos, os maiores aumentos na população ocupada vieram do setor de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (mais 251 mil) e do ramo de outros serviços (mais 233 mil).
Conforme Adriana Beringuy, a alta do contingente com algum tipo de trabalho pode ser explicada por uma combinação de fatores. A trégua na pandemia e a reabertura de atividades econômicas fazem parte dessa lista.
A criação de vagas, contudo, ainda não foi suficiente para impulsionar a renda do trabalho, que continua fraca se comparada a níveis históricos.
No trimestre até abril, o rendimento médio da população ocupada foi de R$ 2.569 em termos reais (com o desconto da inflação). É a menor marca para esse período na série, iniciada em 2012.
Na comparação anual, com o trimestre finalizado em abril de 2021 (R$ 2.790), o rendimento encolheu 7,9%. Houve relativa estabilidade frente a janeiro deste ano (R$ 2.566).
Em uma tentativa de recompor as perdas no orçamento familiar, mais pessoas podem ter sido levadas a ofertar algum tipo de trabalho, segundo Adriana Beringuy, do IBGE. Esse movimento também pode ter influenciado a alta da população ocupada.
"É uma hipótese", afirmou a pesquisadora.
O rendimento baixo é associado por analistas a questões como inflação elevada, dificuldades nas negociações de reajustes salariais e abertura de postos de trabalho com salários menores nos últimos meses.
Entre as atividades, o destaque foi a queda da renda no setor de administração pública. A baixa atingiu 2,5% ante o trimestre imediatamente anterior.
Embora a população ocupada tenha registrado recorde em termos absolutos, o mesmo não ocorreu com o nível de ocupação.
Esse indicador mede o percentual da população ocupada com algum trabalho frente à população em idade de trabalhar (14 anos ou mais).
No trimestre até abril, o nível de ocupação foi estimado em 55,8%. O maior percentual foi registrado de agosto a outubro de 2012 (58,4%).
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