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Desemprego recua para 12,6% e ainda atinge 13,5 milhões

Desemprego recua para 12,6% e ainda atinge 13,5 milhões

A queda do desemprego foi influenciada pelo aumento da população ocupada. Essa parcela, que tinha algum tipo de trabalho, foi estimada em 93 milhões de pessoas

Publicado em 30 de novembro de 2021 às 14:58

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Carteira de Trabalho e previdência social
Taxa de desemprego no Brasil recuou para 12,6% no terceiro trimestre de 2021. (Fernando Madeira)

Em um cenário de menos restrições a atividades econômicas, a taxa de desemprego no Brasil recuou para 12,6% no terceiro trimestre de 2021. Mesmo com a queda, puxada pelo trabalho no setor informal, o país ainda registrou 13,5 milhões de desempregados entre os meses de julho e setembro.

Os dados foram divulgados nesta terça-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A taxa de desemprego estava em 14,2% no segundo trimestre de 2021 e em 14,9% no terceiro de 2020. Os resultados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

Pelas estatísticas oficiais, uma pessoa está desempregada quando não tem trabalho e segue à procura de novas oportunidades profissionais.

A taxa de desocupação estimada pelo IBGE (12,6%) ficou próxima das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam indicador de 12,7%.

A queda do desemprego foi influenciada pelo aumento da população ocupada. Essa parcela, que tinha algum tipo de trabalho, foi estimada em 93 milhões de pessoas.

Cresceu 4% (3,6 milhões de pessoas a mais) frente ao trimestre anterior e 11,4% (9,5 milhões de pessoas a mais) ante igual trimestre de 2020.

"No terceiro trimestre, houve um processo significativo de crescimento da ocupação, permitindo, inclusive, a redução da população desocupada, que busca trabalho, como também da própria população que estava fora da força de trabalho", avalia a coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

Segundo o instituto, o aumento da ocupação está relacionado sobretudo ao setor informal.

Das 3,6 milhões de pessoas a mais na população ocupada, em relação ao trimestre imediatamente anterior, cerca de 54% (1,9 milhão) atuavam sem carteira assinada ou CNPJ. Ou seja, a informalidade respondeu por mais da metade das novas vagas.

O reflexo do quadro é o recuo do rendimento médio da população empregada. Isso sinaliza que o ingresso no mercado de trabalho tem sido marcado por salários menores.

O rendimento real habitual foi estimado pelo IBGE em R$ 2.459. É a menor marca para o terceiro trimestre desde o começo da série histórica, em 2012. Significa baixa de 11,1% em relação a igual período do ano passado (R$ 2.766).

Os números divulgados nesta terça-feira já incorporam uma revisão feita pelo IBGE em toda a série histórica da Pnad Contínua. A reponderação dos resultados foi necessária devido aos efeitos da pandemia no processo de coleta das informações.

A chegada da Covid-19 causou restrições a deslocamentos e fez o órgão suspender as entrevistas presenciais da Pnad a partir do segundo trimestre de 2020. Assim, a coleta dos dados passou a ser feita por telefone.

A alteração reduziu a taxa de aproveitamento da pesquisa, já que houve mais dificuldades para realização das entrevistas - nem todas as famílias brasileiras têm acesso a aparelhos telefônicos, por exemplo.

De acordo com o IBGE, essa redução foi sentida principalmente nas faixas mais jovens da população, o que aumentou a proporção de idosos na amostra.

Segundo o instituto, a partir da reponderação da série, que leva em conta características de idade e sexo, eventuais distorções são corrigidas, e as estimativas mais recentes podem ser comparadas às anteriores.

"O que a ponderação traz é a melhoria das estimativas, dado que a gente consegue recompor a população por sexo e grupo etário", relatou Luna Hidalgo, analista do IBGE.

A taxa de desemprego do segundo trimestre de 2021, por exemplo, havia sido estimada inicialmente em 14,1%. Com a revisão, passou para 14,2%.

Já o número de desocupados, nesse mesmo período, passou de 14,4 milhões para 14,8 milhões. Pela série revisada, a população desempregada chegou ao pico de 15,3 milhões no primeiro trimestre de 2021.

A pandemia, sinaliza o IBGE, causou desafios similares para institutos de pesquisas de outros países. Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e as restrições menores, o órgão brasileiro retomou parte das atividades presenciais nos últimos meses.

SITUAÇÃO DO EMPREGO NO BRASIL

Para o terceiro trimestre de 2021, conforme o IBGE:

  • 13,5 milhões estão desempregados;
  • 12,6% é a taxa de desemprego;
  • 93 milhões estão ocupados com algum tipo de trabalho.

O desemprego em nível elevado para os padrões históricos preocupa analistas, ainda mais em um período de inflação alta como o atual.

Em conjunto, as dificuldades no mercado de trabalho e a escalada dos preços jogam contra o consumo das famílias, um dos motores do crescimento do país.

Nesse contexto, as projeções para o desempenho da atividade econômica em 2022 vêm sendo revisadas para baixo.

Já há instituições financeiras, incluindo grandes bancos, como Itaú e Credit Suisse, prevendo recessão no próximo ano —ou seja, queda do PIB (Produto Interno Bruto).

A piora das expectativas está relacionada a uma combinação de fatores, que vai desde a pressão inflacionária e o aumento dos juros até as incertezas fiscais e a crise política envolvendo o governo federal.

Segundo analistas, a fragilidade da economia como um todo coloca em xeque a incipiente melhora do mercado de trabalho.

Como mostrou reportagem recente do jornal Folha de S.Paulo, o Brasil corre o risco de amargar uma década com desemprego alto, voltando ao chamado pleno emprego só a partir de 2026.

A conclusão é de uma análise do economista Bráulio Borges, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

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