Os gastos com medidas para fazer frente à pandemia do novo coronavírus levaram a dívida pública a novo recorde em setembro, alcançando 90,6% do Produto Interno Bruto (PIB), alta de 1,8 ponto percentual em relação ao mês anterior.
O endividamento do governo chegou a R$ 6,5 trilhões, maior patamar da série, que começa em 2006, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (30).
Depois da chegada do vírus ao país, o governo teve que gastar mais em programas emergenciais, como o auxílio aos mais pobres e linhas de crédito para empresas. Com isso, até o fim do ano, a dívida pode chegar a 100% do PIB.
A elevação da dívida bruta foi ocasionada principalmente pelo aumento nas emissões de títulos públicos para financiar os gastos, que representou aumento de 1,4 ponto percentual, da incorporação de juros ao montante (0,4 ponto) e do efeito da alta do dólar no período (0,2 ponto).
A dívida líquida, que desconta os ativos do governo, também foi impactada pela pandemia e fechou em 61,4% do PIB (R$ 4,4 trilhões) em setembro, aumento de 0,6 ponto percentual em relação a agosto.
O aumento é resultado do crescimento do rombo nas contas públicas, que representou 0,9 ponto percentual, e pela incorporação de juros ao montante (0,5 ponto).
No período, o dólar subiu 3,1% e puxou a dívida líquida 0,6 ponto percentual para baixo. Quando há valorização da moeda norte-americana, há redução do valor da dívida líquida em reais porque são descontadas as reservas internacionais, mensuradas em dólar.
As contas públicas tiveram rombo de R$ 635,9 bilhões no acumulado do ano até setembro. Nos últimos 12 meses, o governo registrou déficit primário de R$ 655,3 bilhões, o equivalente a 9,08% do PIB.
O déficit primário é o maior da série histórica compilada pelo BC, que teve início em 2002.
O resultado primário indica a capacidade do governo de pagar as contas, exceto os encargos da dívida pública. Se as receitas são maiores que as despesas, há superávit. Caso contrário, há déficit.
Apenas em setembro, o governo registrou resultado primário negativo em R$ 64,6 bilhões, nas o número é 26% menor que o registrado em agosto, de 87,6 bilhões.
Desde o início da crise sanitária, além de gastar mais, o governo tem arrecadado menos em razão da queda da atividade e das medidas de restrição, o que também contribui para o aumento no rombo das contas públicas.
Com a flexibilização do isolamento, no entanto, a arrecadação aumentou e alguns impostos que foram postergados por causa da pandemia começaram a ser pagos.
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