A disposição de investidores estrangeiros em aportar recursos nos mercados emergentes, incluindo o Brasil, não dá sinais de perda de fôlego e o dólar voltou a cair nesta quinta-feira (19). Tesourarias de bancos contam que, além de a Bolsa estar recebendo aportes recordes, que já somam R$ 25 bilhões este mês, começaram a entrar também recursos em ritmo mais acelerado para a renda fixa. Um dos reflexos é que o dólar bateu mínimas hoje, a R$ 5,30, durante o leilão do Tesouro. O fluxo de capital externo e ainda o alívio causado pela sinalização de atuação mais forte do Banco Central até o fim do ano seguem retirando pressão do câmbio, fazendo investidores reduzirem apostas contra o real no mercado futuro, ressaltam profissionais das mesas de operação.
O dólar fechou a quinta-feira cotado em R$ 5,3141, em baixa de 0,44%. No mercado futuro, o dólar para dezembro fechou em queda de 1,09%, em R$ 5,3065.
A quinta-feira foi marcada por cautela no mercado internacional, em meio ao rápido crescimento dos casos de coronavírus nos Estados Unidos e Europa. Com isso, o dólar subiu ante divisas fortes, mas acabou caindo nos emergentes. Segundo o Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo, os fluxos de recursos continuam fortes para a região, em volume "impressionante".
No Brasil, a Bolsa paulista recebeu R$ 2,1 bilhões no pregão da última terça-feira, com o total no mês chegando a R$ 25 bilhões. Além da renda variável, o sócio da gestora Armor Capital, Alfredo Menezes, chama atenção para o fato de que estrangeiros entraram no leilão hoje do Tesouro, comprando Notas do Tesouro Nacional - Série F (NTN-F), papel de prazo mais longo, que teve lote integral vendido, com volume de R$ 3,5 bilhões. O dólar chegou a registrar mínimas na hora que saiu o resultado da operação, caindo a R$ 5,30.
Apesar da valorização este mês do real, com o dólar acumulando queda de 7,5% em novembro, o IIF estima que a moeda brasileira está 20% subvalorizada, enquanto a de países vizinhos - Chile e Colômbia - estão apenas 12%. Ou seja, o valor justo do dólar hoje seria ao redor de R$ 4,50. Como destaca o economista do IIF, Robin Brooks, há ainda muito prêmio de risco precificado nas cotações do câmbio brasileiro, sendo o risco fiscal um dos principais. No ano, o dólar acumula alta de 32% ante o real, a maior dos emergentes, junto com a lira turca.
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