SÃO PAULO - Num dia de agenda esvaziada, o dólar registrou queda de 0,70% e fechou cotado a R$ 5,367 após pronunciamento do ministro Fernando Haddad (Fazenda), que tentou acalmar o mercado após os recentes ruídos da política econômica, sobre a agenda de cortes de gastos do governo. Já a Bolsa brasileira recuou 0,30%, aos 119.567 pontos.
Nesta quinta (13), Haddad afirmou, ao lado da ministra Simone Tebet (Planejamento), que pediu à equipe econômica um ritmo mais intenso de trabalhos na discussão sobre a agenda de corte de gastos e que será construído um extenso cardápio de alternativas.
"Começamos aqui a discutir 2025, a agenda de gastos. O que a gente pediu foi uma intensificação dos trabalhos, para que até o final de junho nós possamos ter clareza do orçamento de 2025, estruturalmente bem montado, para passar tranquilidade sobre o endereçamento das questões fiscais do país", afirmou.
O pronunciamento ocorre um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter causado temores no mercado ao sugerir que o ajuste fiscal se daria através de um aumento na arrecadação, sem citar cortes de despesas.
Já Tebet afirmou que em um cardápio de "A a Z" de medidas em avaliação, a revisão dos pisos de gastos em saúde e educação está "no final do alfabeto".
Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa de Haddad nesta quinta (13), após a percepção de enfraquecimento do ministro ter crescido nesta semana.
"Eu não tenho nada contra o Haddad. O Haddad é um extraordinário ministro", disse Lula, ao ser questionado sobre o assunto.
Para completar, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que a alta recente do dólar é "momentânea" e que o governo tem confiança de que as cotações irão cair. "Nós temos absoluta confiança que o dólar vai cair, isso é uma coisa momentânea", disse.
Alckmin pontuou ainda que o governo tem compromisso com o equilíbrio fiscal e o controle da inflação.
As falas de Lula, Haddad e Alckmin ocorreram entre o fim da manhã e o início da tarde, quando o dólar passou a registrar perdas mais consistentes.
Além da situação fiscal brasileira, a economia americana também segue em foco, e investidores estão alinhando apostas sobre o início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos, após a última decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).
Na quarta (12), o banco central dos EUA decidiu manter os juros do país inalterados na faixa entre 5,25% e 5,50% e sinalizou que deve realizar apenas um corte nas taxas neste ano. A maior parte do mercado, no entanto, segue projetando duas reduções, em especial após um dado de inflação que surpreendeu positivamente os analistas e o próprio Fed.
A questão, agora, é quando esse corte ocorrerá, com agentes dividindo-se entre a reunião de setembro e a de novembro.
"Os formuladores de políticas mostraram no seu resumo de projeções econômicas que preveem reduzir o juro apenas uma vez em 2024, em vez das três reduções previstas em março, embora o presidente Jerome Powell tenha mantido a possibilidade de mais cortes. Ainda assim, os investidores mantêm na curva americana apostas elevadas de que o Fed reduzirá as taxas em setembro", diz a equipe da Guide Investimentos.
Preocupações com o cenário fiscal do país, no entanto, seguem no radar dos investidores, limitando os ganhos da Bolsa.
"O Ibovespa hoje operou de lado, em uma tentativa de segurar os 120 mil pontos frente a um cenário de ruído fiscal elevado. A dúvida do mercado gira em torno da capacidade do governo de entregar as metas determinadas pelo arcabouço fiscal, que vem perdendo a credibilidade com as alterações no último mês e com a dificuldade de aprovação das medidas de aumento de arrecadação do governo junto ao Congresso", afirma Jaqueline Kist, sócia da Matriz Capital
No Ibovespa, as principais quedas do dia foram da Petrobras e do setor financeiro.
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