O dólar retomou a trajetória de queda nesta quinta-feira, após passar a subir no final da tarde de quarta-feira. Sem novos ruídos internos, mas com os investidores atentos às discussões do Orçamento de 2021, o real acompanhou nesta quinta seus pares no exterior, em novo dia de baixa praticamente generalizada da moeda americana no mercado internacional. Declarações do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e do Banco Central Europeu (BCE), de que os estímulos extraordinários não têm data para acabar ajudaram, além da inesperada alta nos pedidos de auxílio-desemprego dos Estados Unidos. Nesse ambiente, as taxas de retorno dos juros longos americanos tiveram novo dia de baixas.
No noticiário doméstico, o instituto Butantan anunciou que conseguiu insumos para produzir a Coronavac, e isso também ajudou a dar alívio ao câmbio, fazendo o dólar devolver parte das fortes altas recentes.
O real foi a moeda com melhor desempenho internacional nesta quinta, considerando uma lista de 34 divisas mais líquidas. No fechamento, o dólar à vista cedeu 1,23%, a R$ 5,5742 - menor cotação desde 23 de março. No mercado futuro, o dólar para maio era negociado em baixa de 0,57%, a R$ 5,5880 às 17h35.
"O dólar operou hoje perto das mínimas em várias semanas", comenta o analista sênior do banco Western Union, Joe Manimbo.
Ante o euro e o iene, a divisa dos Estados Unidos chegou a cair para as mínimas em duas semanas, recuando também nos emergentes e exportadores de commodities. Uma das principais razões é que os pedidos de auxílio-desemprego dos EUA mostraram alta inesperada, uma sinal de que a economia americana não está no nível que o Federal Reserve considera "saudável" para retirar os estímulos, destaca o analista. Os pedidos subiram em 16 mil na semana, para 744 mil enquanto os economistas em Wall Street esperavam número menor, 694 mil. Foi a segunda semana seguida de alta.
No mercado doméstico, a maior expectativa é a questão do Orçamento de 2021 que, segundo profissionais das mesas de câmbio, tem limitado melhora maior do real. Em entrevista ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) na tarde desta quinta, o secretário do Tesouro, Bruno Funchal, disse que a solução para o problema é a questão "mais relevante no momento" e é importante resolvê-lo "para resgatar a credibilidade". "O câmbio está volátil por falta de segurança dos agentes."
Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou mais cedo que uma "coalizão política vai aprovar pela primeira vez o orçamento em conjunto".
Para o Asa Investments, que tem como diretor Carlos Kawall, o Orçamento de 2021 revelou o "viés populista fiscal" do governo, na busca de mais recursos para uso político e eleitoral, de olho em 2022. "Urge que o governo e Congresso equacionem rapidamente o impasse criado", afirma o Asa em relatório, alertando que se corre o risco de renúncia da equipe econômica caso não se resolva a questão, além de o governo incorrer em ilegalidade.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta