O dólar teve novo dia de enfraquecimento no mercado internacional, testando as mínimas em dois anos ante as moedas fortes, e o movimento ajudou o real a se fortalecer. A perspectiva de aprovação esta semana de um novo pacote fiscal nos Estados Unidos, de ao menos US$ 1 trilhão, ajudou a estimular a busca por ativos de risco, levando o Ibovespa a voltar a superar os 104 mil pontos e provocando a valorização de divisas de países emergentes, com destaque para o peso mexicano, o rand da África do Sul e o real. Em Chicago, especuladores vêm elevando apostas contra o dólar há seis semana consecutivas.
No mercado à vista, o dólar fechou em queda de 0,92%, cotado em R$ 5,1580. No mercado futuro, o dólar para agosto, que vence na sexta-feira, 31, era negociado em baixa de 1,39%, a R$ 5,1615 às 17h. O volume de negócios, porém, foi fraco nesta segunda, 27, somando US$ 10 bilhões, enquanto investidores aguardam a agenda carregada da semana, que inclui reunião de política monetária do Federal Reserve e dados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre dos EUA e da zona do euro, além da definição do referencial Ptax na quinta-feira.
O índice DXY, que mede o dólar ante moedas fortes, caiu hoje para o nível de 93 pontos, o menor desde junho de 2018. Analistas do Rabobank observam que investidores continuam apostando contra a moeda americana na Bolsa de Futuros de Chicago (CME, na sigla em inglês). Há seis semanas consecutivas que as apostas estão vendidas, ou seja, acreditando na desvalorização da divisa americana, e atingindo níveis não vistos desde 2017, ressalta a estrategista sênior de moedas do banco, Jane Foley. A perspectiva de recuperação mais lenta da atividade econômica dos EUA, em meio ao crescimento de casos de coronavírus, além da liquidez alta na economia mundial estão por trás do enfraquecimento do dólar. Ao mesmo tempo, os investidores em Chicago vêm elevando as apostas em divisas fortes, como o euro, iene e o franco suíço, ressalta a estrategista do Rabobank.
Neste contexto, a analista de moedas e mercados emergentes do banco alemão Commerzbank, Alexandra Bechtel, acredita que o real tende a se beneficiar apenas temporariamente da fraqueza do dólar no mercado internacional. O avanço das conversas sobre a reforma tributária desde a semana passada é positivo, mas ela observa que os fundamentos da economia não mudaram e os riscos persistem, sobretudo pelo lado do coronavírus, com o número de casos em crescimento, e das contas fiscais, com a dívida bruta caminhando para atingir 100% em relação ao PIB. Para a analista do Commerzbank, o real tende a continuar "fraco" e com volatilidade alta.
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