O real foi a moeda com melhor desempenho no mercado internacional nesta segunda-feira (14), considerando uma cesta das 34 divisas mais líquidas. Em dia de noticiário mais esvaziado no Brasil, o mercado de câmbio local operou colado no exterior, onde prevaleceu um ambiente de mais otimismo, com a retomada de testes para a vacina contra o coronavírus pela universidade de Oxford e a parceria fechada pela Oracle com o aplicativo chinês TikTok, o que foi visto nas mesas de operação com sinal de redução da tensão entre as duas maiores economias do mundo.
O dólar à vista fechou cotado em R$ 5,2755, em queda de 1,09%. No mercado futuro, o dólar para outubro era negociado em queda de 0,83%, em R$ 5,2795 às 17h. A quarta-feira terá três reuniões de política monetária: Brasil, Estados Unidos e Japão. Nas mesas de operação, traders seguem mencionando a questão fiscal do Brasil como um limitador para uma valorização mais expressiva do real, enquanto pelo lado positivo, bancos e consultorias vêm melhorando suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do País de 2020.
O economista para Brasil do ING em Nova York, Gustavo Rangel, melhorou a previsão do PIB do Brasil este ano, de queda de 5,2% para baixa de 4,8%, mas alerta que o risco fiscal é crescente. Por isso, ele vê o dólar acima de R$ 5,00 ao menos até o segundo trimestre de 2021, quando deve cair para a casa de R$ 4,90, mas deve voltar para R$ 5,00 em 2022. "A resposta da política econômica do Brasil à pandemia foi incomumente agressiva para os padrões dos emergentes", destaca Rangel. Além da deterioração fiscal, o economista do ING observa que a própria volatilidade cambial deve ser um limitador para um novo corte da taxa básica de juros esta semana. Uma redução da Selic para menos de 2% pode causar ainda mais oscilações no câmbio, ressalta ele.
De acordo com o CEO e fundador da FB Capital, Fernando Bergallo, embora o dólar esteja cedendo em meio ao alívio dos mercados financeiros em torno de uma evolução na vacina para o novo coronavírus, não é esperada grande queda pela frente. "Na semana passada, tivemos a notícia da suspensão da vacina de Oxford e isso trouxe cautela aos mercados. Durante o fim de semana, a suspensão foi revertida e os testes continuam", destaca ele. "Cada vez mais fica evidente que não vai haver uma queda grande do câmbio no médio e curto prazos. O boletim Focus apontou que a média do dólar para este ano ainda é de R$ 5,25, próximo do que temos hoje, e R$ 5,00 para 2021", avalia.
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