O dólar à vista fechou a sexta-feira, 5, em R$ 4,9909, a primeira vez que a moeda americana termina abaixo de R$ 5,00 desde 26 de março. Na semana, acumulou queda de 6,52%, a maior baixa semanal em quase 12 anos, desde os cinco dias encerrados em 31 de outubro de 2008 (-7,35%). Nesta sexta-feira, o peso determinante para o enfraquecimento do dólar no Brasil e perante países emergentes em geral foi o cenário externo, após a surpresa com o relatório de emprego dos Estados Unidos, mostrando criação de 2,5 milhões de vagas em maio enquanto Wall Street previa fechamento de mais de 8 milhões de postos de trabalho. No mercado futuro, o dólar para julho recuava 2,99%, a R$ 4,9745 às 17h45.
Na mínima do dia, o dólar caiu a R$ 4,93 no início da tarde, movimento provocado por rápida desmontagens de posições contra o real e também relatos de entrada de capital externo.
A surpresa com o relatório de emprego dos EUA estimulou busca por ativos de risco mundialmente e as bolsas subiram na Europa e em Nova York. Aqui, o Ibovespa chegou a superar na máxima os 97 mil pontos. Logo após a divulgação do documento, o presidente Donald Trump afirmou que a economia americana vai se recuperar "como um foguete", contribuindo para elevar ainda mais o otimismo dos investidores com a retomada das atividades pós-pandemia.
"O relatório de emprego de maio foi uma surpresa positiva dramática", afirma o diretor do Credit Suisse, Jeremy Schwartz, alertando que o número, apesar da euforia causada nos mercados, pode não representar uma tendência. "O relatório não muda drasticamente nossas perspectivas para o mercado de trabalho americano", escreveu em relatório comentando os números.
O presidente da gestora AZ Quest, Walter Maciel, avalia que o exterior positivo combinado com uma trégua política ajudou a melhorar os preços dos ativos brasileiros. No cenário externo, a perspectiva é de que a China vai voltar a crescer e seguir comprando minério de ferro e alimentos do Brasil, o mesmo paras as economias dos EUA e na Europa, todos parceiros comerciais importantes do Brasil, disse ele. Ao mesmo tempo, com a piora da atividade doméstica, as importações brasileiras devem cair, mas com a manutenção das vendas externas, o saldo comercial se amplia. "Vai começar a sobrar dólar no sistema. O saldo comercial crescente faz com que o dólar tenda a cair", disse ele hoje em live da Genial Investimentos.
No cenário doméstico, o presidente da AZ Quest observa que a tensão política diminuiu após o presidente Jair Bolsonaro sentar com os presidentes da Câmara e do Senado e com os governadores e ainda vetar o aumento de salário de servidores. Apesar da melhora do real, Maciel alerta que se o ambiente voltar a se deteriorar, por exemplo, com piora novamente do ambiente político ou medidas populistas de aumento de gastos públicos, o dólar volta a subir.
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