O dólar teve dia de forte volatilidade. Caiu a R$ 5,48 pela manhã e foi a R$ 5,61 no final da tarde. Mais cedo, a trégua acertada entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ajudou a fortalecer o real, mas nos negócios da tarde foi o noticiário externo que ditou o ritmo das cotações. Primeiro veio o alerta do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a necessidade de estímulos fiscais para reaquecer a economia americana, que está perdendo fôlego. Em seguida, o dólar voltou a superar R$ 5,60 quando Donald Trump anunciou ter instruído os republicanos a pararem as negociações para o pacote emergencial até depois das eleições.
No fechamento, o dólar à vista encerrou em alta de 0,50%, cotado em R$ 5,5952. No mercado futuro, o dólar para novembro subia 0,34% às 17h, cotado em R$ 5,5980. Entre a mínima e a máxima, o dólar oscilou 13 centavos. Primeiro, a reconciliação entre Maia e Guedes foi recebida com alívio pelas mesas de operação, uma sinalização que as coisas podem começar a andar novamente no Congresso e as reformas voltarem à pauta principal.
Para o estrategista chefe da Infinity Asset, Otávio Aidar, o jantar ontem dos dois ajudou a clarear o ambiente, mostrando que as lideranças estão falando a mesma língua. Até a semana passada, Maia e Guedes vinham publicamente trocando farpas, no que o economista Delfim Netto chamou nesta tarde de passagem para a maioridade após terem agido como crianças. Mas os investidores andam tão mal humorados com o Brasil que é preciso mais no lado fiscal, ressalta Aidar. "Se o Brasil der sinalização crível que vai cumprir o teto e vai ter responsabilidade fiscal, o mercado melhora", afirma ele. "O real tem apanhado bastante. Tudo tem girado em torno do fiscal no mercado doméstico", destaca.
Ainda sobre a questão fiscal, o senador Marcio Bittar (MDB-AC) havia prometido divulgar nesta quarta-feira detalhes sobre o financiamento do Renda Cidadã, mas adiou a apresentação para a próxima semana.
Já a declaração de Powell ao pedir mais estímulos fiscais ajudou a piorar o mercado internacional de moedas, ressalta o estrategistas da Infinity. O dólar passou a ganhar força ante moedas fortes e emergentes, movimento que se acelerou após o pedido de Trump aos republicanos de pararem as negociações até depois das eleições, em 3 de novembro. "As moedas desabaram quando Trump tirou o plugue das conversas sobre os estímulos", observa a diretora da BK Asset Management, Kathy Lien. O inesperado anúncio, avalia ela, pode desencadear um movimento maior de aversão a risco no mercado financeiro mundial. Uma das evidências é que o dólar ganhou força de forma generalizada e o iene foi uma das poucas divisas a se valorizar. A moeda japonesa se transformou no maior porto seguro dos mercados em momento de fuga do risco.
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