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Dólar fecha em R$ 6,19 com dados econômicos do Brasil em foco

Dólar fecha em R$ 6,19 com dados econômicos do Brasil em foco

Taxa de desemprego renovou mínima histórica no trimestre até novembro; IPCA-15 fechou o acumulado de 2024 com alta de 4,71%

Publicado em 27 de dezembro de 2024 às 18:23

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SÃO PAULO - O dólar fechou em alta de 0,21% nesta sexta-feira (27), cotado a R$ 6,190, com investidores digerindo uma bateria de dados econômicos do Brasil e ainda cautelosos com a política fiscal do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A moeda atingiu a máxima de R$ 6,213 no início da tarde, mas desacelerou ganhos perto do final da sessão, também afetada pela baixa liquidez comum às últimas negociações do ano.

Já a Bolsa, às 17h05, tinha queda de 0,51%, aos 120.457 pontos.

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O dólar fechou em alta de 0,21% nesta sexta-feira (27). (Freepik)

No início da sessão, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicou os números do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15), uma espécie de prévia da inflação oficial do país.

O indicador fechou o acumulado de 2024 com alta de 4,71% – acima do teto da meta de inflação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é de 4,5% neste ano.

O resultado, contudo, ficou um pouco abaixo do verificado em 2023, de 4,72%, e é o menor desde 2020 (4,23%).

Considerando apenas o mês de dezembro, o IPCA-15 desacelerou a 0,34%, após marcar 0,62% em novembro. O resultado veio bem abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,46%, conforme a agência Bloomberg.

Em outra divulgação do IBGE, a taxa de desemprego atingiu 6,1% no trimestre até novembro. O indicador estava em 6,6% nos três meses até agosto, que servem de base de comparação.

Ao marcar 6,1%, a taxa renovou a mínima da série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), iniciada em 2012. Até então, o menor patamar havia sido registrado no trimestre até outubro de 2024, quando a desocupação foi de 6,2%.

Já o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e do Emprego, informou que o Brasil abriu 106.625 vagas formais de trabalho em novembro. O resultado ficou abaixo da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 129.500 vagas.

Os dados indicam que a economia brasileira está aquecida, levando o mercado a precificar os efeitos sobre as decisões de juros do BC (Banco Central) no ano que vem. A taxa básica do país, a Selic, deverá ter mais dois aumentos de 1 ponto percentual nas próximas duas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), conforme anunciado no último encontro do colegiado.

Nos juros futuros, os prazos mais longos se sustentavam em alta, também acompanhando o rendimento dos treasuries – os títulos ligados ao Tesouro dos EUA – no exterior.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 estava em 15,33%, em leve queda ante os 15,357% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 15,745%, ante o ajuste de 15,63%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15,26%, em comparação aos 14,965% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 15,03%, ante 14,712%.

Mas, mais do que os novos dados em si, o foco do mercado segue sendo a desconfiança em relação à política fiscal do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Por óbvio, o que mais tem feito preço e o que mais tem movimentado o mercado nestas semanas tem sido a expectativa do que será a trajetória de política fiscal aqui no Brasil", afirma Matheus Massote, especialista de câmbio da One Investimentos.

O pacote de corte de gastos do governo, ainda que tenha sido aprovado na semana passada pelo Congresso Nacional, teve a economia reduzida por causa das alterações dos parlamentares.

O time de análise da XP calcula uma desidratação de R$ 8 bilhões nos próximos dois anos. No longo prazo, o prejuízo das mudanças dos parlamentares é ainda mais preocupante. Com as medidas originais, a XP esperava uma economia de cerca de R$ 294 bilhões até 2030, e agora esse valor teve uma redução de R$ 62 bilhões, para R$ 232 bilhões.

As mudanças que mais prejudicaram o resultado final, segundo o analista da XP Tiago Sbardelotto foram as reduções nos critérios exigidos para o BPC (Benefício de Prestação Continuada), a desistência de alterar os repasses para o FCDF (Fundo Constitucional do Distrito Federal) e o afrouxamento do comando para um limite aos supersalários na administração pública.

Outro ponto importante modificado pelo Congresso foi a blindagem feita pelos parlamentares de emendas obrigatórias contra bloqueios no Orçamento federal.

"Com isso, o resultado apenas reforçou a visão [que já tínhamos] de que se tratava de um tímido pacote de mudanças, que não trata das questões mais importantes do Orçamento federal (como a indexação dos benefícios) e que servirão somente para manter o limite de gastos por mais dois ou três anos", diz o analista no relatório.

Por isso, a expectativa do mercado é por mais medidas de ajuste fiscal no próximo ano. "Agora os olhos vão se voltar para quais vão ser as medidas de política monetária e econômica do ano que vem", diz Massote.

Como esta sexta-feira é o penúltimo dia útil para o mercado no Brasil, a expectativa é de que a liquidez também possa ser menor, em especial durante o período da tarde.

O dólar sobe também após uma nova intervenção do BC no mercado de câmbio, na quinta. A autoridade monetária vendeu US$ 3 bilhões em leilão à vista realizado no começo da sessão. Foram aceitas nove propostas entre 9h15 e 9h20.

Com a nova intervenção, subiu para US$ 30,77 bilhões o total de leilões realizados desde que a instituição passou a injetar dólares no mercado de câmbio há duas semanas.

Esta conta inclui tanto as operações à vista quanto os leilões de linha —venda de dólares com compromisso de recompra.

As operações do BC buscam atender à demanda por dólares por parte de empresas e fundos, para remessas ao exterior —algo comum nos finais de ano.

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