O dólar caiu nesta sexta-feira, mas fechou outubro acumulando alta de 2,13%, o terceiro mês seguido de ganhos. Em 2020, a valorização chega a 43%, a maior entre emergentes, e a moeda americana caiu somente em dois meses, maio e julho. Os especialistas esperam mais valorização da divisa dos Estados Unidos na semana que vem, por conta da proximidade das eleições americanas e, no radar, o risco de ter o resultado das urnas contestado. No Brasil, incertezas ficais devem ajudar a manter o câmbio pressionado no começo de novembro, até que o governo revele como pretende financiar seus programas sociais em 2021.
O dólar encerrou a sexta-feira em queda de 0,50% no mercado à vista, cotado em R$ 5,7380. No mercado futuro, o dólar com liquidação em dezembro, que passou a ser o mais líquido a partir desta data, tinha queda de 0,69% às 17 horas, cotado em R$ 5,7445.
Nesta sexta-feira, mesmo com a disputa do referencial Ptax, usado em contratos cambiais, o Banco Central fez novo leilão no mercado de dólares à vista, quando a divisa encostou em R$ 5,81 pouco antes de uma das janelas em que o BC faz a coleta de preços para a taxa. Somente esta semana, o BC injetou US$ 1,8 bilhão, níveis semelhantes ao começo de março, quando a pandemia chegava com força ao Brasil.
Os estrategistas do banco NatWest destacam que três pontos estão fazendo os investidores buscarem refúgio no dólar. Preocupações com a piora da economia mundial em meio ao crescimento dos casos de coronavírus na Europa e Estados Unidos e novas medidas de distanciamento social; proximidade das eleições americanas e impasse na aprovação de um pacote de estímulos.
No caso das eleições, Joe Biden ainda lidera nacionalmente, mas em Estados como Flórida, Carolina do Norte, Ohio e Georgia, a disputa com Donald Trump está bastante apertada. Nesse ambiente, cresce o temor de contestação dos resultados e a necessidade de recontagem.
O forte crescimento dos votos este ano pelo correio, destacam os analistas do TD Bank, indica crescente chance de o resultado da votação não sair na noite de terça-feira ou mesmo no dia seguinte. Com isso, pode-se esperar volatilidade nos mercados e busca de refúgio no dólar. No Brasil, como será feriado de Finados na segunda-feira, a cautela ainda é maior.
"Há riscos que tornam o real mais suscetível que outras moedas emergentes neste momento", ressalta a analista de mercados emergentes do banco alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger. O primeiro deles é o fiscal, com o crescimento da dívida pública brasileira sem sinal de trégua e as reformas praticamente paradas no Congresso, destaca ela. Outro fator a pressionar o câmbio é o Banco Central mais dovish e sem inclinação a elevar os juros, em meio à avaliação de que a pressão inflacionária nas últimas semanas é temporária. "O real deve permanecer sob pressão para depreciação nas próximas semanas."
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