O dólar começou maio em queda ante o real, embora tenha diminuído o ritmo na reta final dos negócios, um dia antes do início dos depoimentos da CPI da Covid. A perda ao longo do dia foi sustentada pelo recuo da moeda norte-americana no mercado internacional, após indicadores mistos da atividade dos Estados Unidos divulgados nesta segunda-feira, 3. O noticiário local ajudou a retirar pressão do câmbio, com as exportações recordes em abril, além da perspectiva de um Comitê de Política Monetária (Copom) mais duro esta semana, sinalizando juros mais altos pela frente e ainda mais captações de empresas, o que deve ajudar a melhorar o fluxo cambial.
Após cair a R$ 5,37 na mínima do dia, o dólar à vista terminou o primeiro pregão do mês em queda de 0,24%, a R$ 5,4188. No mercado futuro, o dólar para junho, o contrato mais líquido, tinha leve queda de 0,02% às 17h35, em R$ 5,4505.
A reunião do Copom, que começa na terça, é o evento de curto prazo que pode dar novo fôlego ao real, avaliam os estrategistas do Citi em Nova York, Alvaro Mollica e Dirk Willer, em relatório a investidores. A aprovação do Orçamento de 2021 levou a uma redução do forte pessimismo com o Brasil entre investidores e o real ganhou força. Agora, a moeda brasileira pode corrigir parte da distorção em relação a outras moedas emergentes, ou mesmo anular este comportamento pior.
Os estrategistas do Citi comentam que, em conversas com investidores, a visão é que o BC deve manter no comunicado da reunião a expressão adotada em março, de "ajuste parcial", mas ao mesmo tempo pode sinalizar nova alta de 0,75 ponto na Selic em junho, o que tende a ajudar o real. "Em relação a moedas de emergentes, acreditados que grande parte do caminho de desempenho pior do real pode ter ficado para trás."
O JPMorgan espera que a expressão "ajuste parcial" seja retirada pelo BC do comunicado, com sinalização de nova elevação de 0,50 ponto em junho. Mas o banco americano não descarta que o Copom aponte mais uma alta de 0,75 ponto.
A expectativa pelo Copom aliado a notícias positivas sobre vacinação, incluindo a sinalização do governo na sexta-feira que está prestes a assinar a compra de mais 100 milhões de doses da Pfizer, e o superávit comercial do Brasil, de US$ 10,3 bilhões no mês passado, contribuíram para retirar pressão do câmbio nesta segunda-feira, comentam profissionais das mesas. Em abril, as exportações brasileiras tiveram o maior nível para o mês da série histórica, ajudadas pela alta dos preços das commodities.
Após a aprovação do Orçamento e com menos ruídos por enquanto em Brasília, os estrategistas do Citi destacam que os investidores voltaram a se ater aos indicadores. E no Brasil o que chama atenção atualmente é a melhora da balança comercial, por conta da alta das commodities. Ao mesmo tempo, a CPI da covid, que terá esta semana depoimento de ex-ministros da saúde, ajuda a gerar certa cautela, ressalta um gestor.
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