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Dólar recua ao menor nível em dois meses com ação do BC

Dólar recua ao menor nível em dois meses com ação do BC

No fechamento, a moeda americana terminou em baixa de 1,97%, a R$ 5,3305, menor patamar desde 17 de setembro

Publicado em 17 de novembro de 2020 às 20:22

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Dólar
Dólar. (Pixabay)

O dólar fechou a terça-feira em R$ 5,33, no menor nível em dois meses. A decisão do Banco Central de anunciar na noite de ontem a rolagem de contratos de swap (espécie de venda de dólar no mercado futuro) que vencem em janeiro de 2021 - e somam US$ 11,8 bilhões - e, mais ainda, sinalizar que este valor pode ficar maior, foi fundamental para o real ter hoje o melhor desempenho mundial ante o dólar, em uma cesta de 34 divisas mais líquidas, ressaltam profissionais das mesas de câmbio. No fechamento, a moeda americana terminou em baixa de 1,97%, a R$ 5,3305, menor patamar desde 17 de setembro (R$ 5,23). No mercado futuro, o dólar para dezembro encerrou em queda de 1,56%, em R$ 5,3365.

A mudança de uma frase no comunicado que o Banco Central costuma divulgar sobre rolagens de contratos de swap foi um dos fatores que agradaram as mesas de câmbio. No texto, o BC anunciou a rolagem dos 235.950 contratos que vencem em janeiro e afirmou que "poderá recalibrar o montante ofertado, conforme as condições de mercado". Nos textos anteriores, não havia explicitamente esta possibilidade, destacando apenas que o BC "poderá alterar o lote ofertado a cada dia, ou mesmo acatar propostas em montante inferior à oferta, conforme as condições de demanda".

"O que catalisou a queda no mercado local hoje foi que o BC deixou a porta aberta para recalibrar a oferta de swap", afirma o assessor da Alta Vista Investimentos, Orlando Bachesque. Ele observa que o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, operou em queda hoje, o que ajuda a retirar pressão do câmbio doméstico, mas o BC se mostrando mais "ativo" teve peso predominante.

O impacto do comunicado do BC ocorre porque a reta final de cada ano costuma ser historicamente marcada por pressão mais forte no câmbio, com empresas, fundos e outros investidores tendo que comprar dólares para remeter ao exterior, por exemplo, para pagar dividendos. Este ano, este quadro de pressão tende a se agravar por conta da necessidade de os bancos desfazerem as operações de overhedge (proteção cambial em excesso que tem em seus ativos no exterior) para se reenquadrar a nova exigência do BC.

Além do BC, captações externas de empresas, Suzano e B2W, promessa de avanço da agenda econômica no Senado, declarações de compromisso fiscal do governo e discursos de dirigentes do bancos centrais contribuíram para o dia de alívio no câmbio. Apesar do alívio hoje, persistem as preocupações dos agentes com a situação fiscal do Brasil. Pesquisa do Bank of America feita este mês com investidores de América Latina aponta que, para 63% deles, a deterioração fiscal é o maior risco de cauda para o Brasil. A proporção cresceu desde outubro, quando era de 58%.

A pesquisa do BofA mostra que aumentou o otimismo com o real. Para a maioria dos investidores ouvidos, é a moeda da América Latina que terá melhor desempenho ante o dólar nos próximos seis meses. Para 65% dos investidores, o dólar deve encerrar 2020 abaixo de R$ 5,30 ante 27% do levantamento feito em outubro.

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