O mercado financeiro reflete a provável volta do auxílio emergencial nesta terça-feira (9). Dólar, risco-país e juros futuros operam em alta após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dizer, nesta segunda (8), que deve prorrogar o auxílio emergencial.
No domingo (7), a Folha de S.Paulo revelou que o Ministério da Economia prepara uma proposta que libera três parcelas de R$ 200, com foco nos trabalhadores informais não atendidos pelo Bolsa Família.
Nesta terça, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que há muito pouco ou nenhum espaço para o auxílio sem algum tipo de contrapartida por causa da deterioração do quadro fiscal do país.
"Dólar e taxas longas de juros ficam pressionados por conta do temor advindo do debate sobre o retorno do auxílio. As contrapartidas desse novo auxílio ainda não foram apresentadas", diz Simone Passianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.
O dólar chegou a subir para R$ 5,4470, mas reduziu ganhos após leilão de 20 mil contratos de swap cambial feito pelo Banco Central. Às 14h33, a moeda americana se valoriza 0,14%, a R$ 5,38.
O Ibovespa opera estável, a 119.758 pontos.
"Temos uma preocupação muito grande com o teto de gastos e isso pesa no dólar", diz Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos.
O risco-país medido pelo CDS de cinco anos sobe 4% a 156 pontos, após acumular queda de 14% na semana passada.
O CDS funciona como um termômetro informal da confiança dos investidores em relação a economias, especialmente as emergentes. Se o indicador sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país, se ele cai, o recado é o inverso: sinaliza aumento da confiança em relação à capacidade de o país saldar suas dívidas.
Os juros futuros de longo prazo também operam em alta. Juros futuros são taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos. São a principal referência para o custo de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro.
O juro para janeiro de 2028 vai de 7,265% na véspera para 7,380% no momento.
"O maior impacto hoje no mercado diz respeito ao temor fiscal", diz Simone.
"A entrevista do Bolsonaro ontem [segunda], dizendo que vai ter auxilio emergencial em 2021, mesmo ressaltando a preocupação com o fiscal, foi uma mudança na retórica", diz Rodrigo Marcatti, presidente da Veedha Investimentos.
Para Marcatti, a queda na aprovação do presidente, observada em uma pesquisa da XP em parceria com o Ipespe, pode ajudar a uma volta mais rápida do auxílio.
Segundo o levantamento feito com 1.000 pessoas, o grupo de respondentes que consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo passou de 40% em janeiro para 42% em fevereiro. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais.
Os que veem o governo como bom ou ótimo foram de 32% para 30% . Esse é o quarto levantamento consecutivo em que há aumento na avaliação negativa, que cresce desde outubro, quando atingia 31%.
A alta na reprovação é impulsionada principalmente pelo grupo dos mais pobres (entre os que ganham até dois salários mínimos ela saltou de 39% para 45%) e pelas regiões Norte-Centro-Oeste (32% para 40%) e Nordeste (43% para 48%).
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