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Dólar sobe 0,46% com declarações de Powell, mas recua 0,19% em novembro

Dólar sobe 0,46% com declarações de Powell, mas recua 0,19% em novembro

A aprovação da PEC dos Precatórios no Senado e a perspectiva de votação da proposta no plenário tiraram um pouco da pressão, mas não o suficiente para sustentar um movimento de apreciação do real

Publicado em 30 de novembro de 2021 às 19:21

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Pelo acordo, os dólares comprados pela consumidora deveriam ser entregues na véspera da viagem
Dólar recuou no mês de novembro. (Agência Brasil)

Depois deu uma manhã predominantemente em queda, em meio à disputa pela formação da última taxa Ptax de novembro, o dólar ganhou força ao longo da tarde, chegando, nos piores momentos, a tocar na casa de R$ 5,67. A troca de sinal se deu durante uma arrancada momentânea do índice DXY - que mede o desempenho moeda americana frente a seus pares fortes -, após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, dar a entender que o surgimento da variante Ômicron não muda o plano de voo do BC americano. Ou seja, pode haver aceleração no ritmo de redução de estímulos monetários (tapering) e antecipação da alta de juros para o primeiro semestre de 2022.

Com o retorno do índice DXY para terreno negativo, o dólar desacelerou o ritmo de alta, mas seguiu com sinal positivo, orbitando os R$ 5,65. Lá fora, a moeda cedia contra os principais pares do real, como o peso mexicano e o rand sul-africano. A aprovação da PEC dos Precatórios na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e a perspectiva de votação da proposta no plenário da Casa tiraram um pouco da pressão sobre a taxa de câmbio, mas não o suficiente para sustentar um movimento de apreciação do real.

Segundo operadores, o azedume da Bolsa, que perdeu pontualmente o patamar dos 101 mil pontos, acompanhando os índices em Nova York, e fatores técnicos, como a rolagem das posições futuras típicas de fim de mês, prejudicaram a moeda brasileira. Com isso, o dólar à vista terminou o dia em queda alta de 0,46%, a R$ 5,6355, acumulando valorização de 0,71% na semana. Mesmo assim, a moeda americana encerra novembro em queda de 0,19%, interrompendo uma sequência de dois meses de valorização expressiva (3,67% em outubro e 5,30% em setembro).

Vale ressaltar que o real se destacou em relação a seus pares, já que o dólar subiu mais de 4% em relação ao peso mexicano e ao rand sul-africano no mês. Novembro também foi marcado por uma alta de mais de 2% do índice DXY.

O diretor de estratégia da Inversa Publicações, Rodrigo Natali, afirma que a formação da taxa de câmbio nesta terça-feira foi contaminada por movimentos técnicos típicos de fim de mês, o que impede uma avaliação mais assertiva dos impactos do noticiário externo e interno sobre a dinâmica do dólar. "Muitos fundos tiveram um mês horrível e estão tentando fazer ajustes. Em dois ou três dias, esse movimento técnico vai ser normalizar", diz.

Natali destaca que o mercado foi pego no contrapé na sexta-feira passada, tendo que absorver a informação da descoberta da ômicron em dia de liquidez reduzida. Após a recuperação parcial dos ativos na segunda, nesta terça-feira o humor voltou a piorar no exterior. "Grosso modo, os ativos domésticos vêm se comportando bem. A bolsa está caindo em linha com Nova York e o dólar subindo um pouco. Há um mês, um movimento de estresse lá fora desse tamanho teria levado o dólar a subir mais de 2%", diz Natali, ressaltando que o real teve um bom desempenho em novembro, tendo se apreciado em relação a outras moedas, como o euro, em mês marcado por forte apreciação do dólar no exterior.

Pela manhã, ecoou negativamente a fala do CEO da Moderna, Stéphane Bancel, de que as vacinas atualmente existentes devem ter eficácia reduzida na prevenção da variante ômicron. Já o conselheiro da Casa Branca para infectologia, Anthony Fauci, afirmou que, ainda que a nova variante possa ter uma capacidade maior de escapar das vacinas contra a covid-19, os imunizantes devem seguir reduzindo quadros graves da doença.

Powell disse que o impacto da ômicron sobre a economia não deve ser "remotamente próximo" do observado em 2020, quando houve lockdowns. O presidente do BC disse que a nova variante é um risco, mas que não integra as projeções do Fed. E afirmou que "talvez seja adequado" encerrar o tapering, como é conhecimento o processo de redução de compra mensal de títulos, alguns meses antes, tendo em vista os níveis elevados de inflação. "Usaremos nossas ferramentas para que a inflação não fique enraizada", afirmou.

O economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, observa que o mercado esperava que Powell, diante do surgimento da nova variante do coronavírus, trouxesse um discurso dovish, descartando a possibilidade tanto de uma aceleração do tapering quanto de uma antecipação da alta de juros nos EUA. "Era isso que o mercado tinha posto no preço com a ômicron. Mas o discurso de Powell foi bem duro e a reação foi imediata, com um movimento de risk-off", afirma Miraglia. "Temos que acompanhar o impacto dessa variante na economia. Pode criar choque de oferta, que é responsável pela inflação. Mas os preços das commodities caem, o que pode ajudar".

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