Enquanto o Ibovespa, índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) recuava 2,16%, aos 105.410 pontos, o dólar operava em alta na manhã desta sexta-feira, 22, alcançando o preço de R$ 5,71.
A alta está na contramão da queda predominante no exterior e ocorre após a saída de Bruno Funchal (secretário especial do Tesouro e Orçamento) e de Jeferson Bittencourt (secretário do Tesouro), juntamente com seus adjuntos, da equipe econômica, por discordarem do drible no teto de gastos com o Auxílio Brasil de R$ 400, avalizado pelo ministro Paulo Guedes.
Os investidores olham ainda a alta dos rendimentos da T-Note 2 anos nos EUA, a 0,4574%, ante 0,4360% no fim da tarde de ontem, enquanto o T-Bond 30 anos recuava a 2,120, de 2,131%.
Podem aumentar ainda as apostas de que o Banco Central (BC) terá que ser mais agressivo com a política monetária nas próximas reuniões daqui pra frente. Antes mesmo do anúncio dessa nova ruptura na equipe de Guedes, a curva de juro já apontava ontem para a possibilidade de alta de 150 pontos-base da Selic, para 7,75% ao ano, na semana que vem e de 125 p.b em dezembro.
De 51 instituições pesquisadas, 15 (29%) preveem um aumento de 1,25 ponto ou mais da Selic em outubro, conforme pesquisa do Projeções Broadcast. A aposta em alta de 1 ponto dos juros em outubro, a 7,25%, ainda continuava majoritária, com 36 instituições até a tarde desta quinta-feira.
Para o trader Luís Felipe Laudisio dos Santos, da Renascença DTVM, o que o mercado mais temia, aconteceu - e com uma velocidade muito mais intensa. Hoje, em sua percepção, devemos ver mais um dia "sangrento" com o anuncio da saída de Funchal e Bittencourt. "Paulo Guedes na corda bamba, mesmo com o presidente Bolsonaro reiterando apoio ao ministro, é mais um foco de tensão. O cenário externo mais positivo, não deve evitar mais um forte movimento no real", avalia Santos em relatório nesta manhã.
Por volta das 9h20 desta sexta, o dólar à vista registrava máxima a R$ 5,7065 (+0,69%) e o dólar futuro para novembro subia até R$ 5,7135 (+0,83%).
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