O dólar operou de lado ante o real nos negócios da tarde, após uma manhã volátil, enquanto investidores aguardam desdobramentos sobre o pacote de estímulos nos Estados Unidos, cada vez menos provável de ser aprovado antes das eleições, e da agenda de reformas fiscais do Brasil, que está parada e só deve andar em novembro. A moeda americana subiu no exterior, pressionada também pelo aumento de casos de coronavírus ao redor do mundo, mas aqui ficou mais comportada, segundo operadores, por conta de um movimento de realização de ganhos após as valorizações recentes, em ritmo mais forte que outros emergentes No ano, o dólar acumula alta de 40%.
No fechamento, o dólar à vista terminou a segunda-feira de baixo volume de negócios em queda de 0,26%, cotado em R$ 5,6151. No mercado futuro, o dólar com liquidação em novembro, que vence na sexta-feira, cedia 0,12% às 17h, cotado em R$ 5,6160.
Os estrategistas do Rabobank, Mauricio Une e Gabriel Santos, relatam que o clima no mercado nestes dias é basicamente de espera que as eleições, aqui e nos EUA, destravem decisões fiscais importantes. "Esperando e torcendo pelo melhor", destacam em relatório.
Em Washington, a expectativa é pelas medidas para estimular a economia.
No Brasil, por medidas que mostrem controle de gastos e como vai ser o financiamento do novo programa social do governo.
Os dois economistas do Rabobank observam que o governo brasileiro tem dado declarações positivas sobre a responsabilidade fiscal, mas faltam avanços concretos. Com isso, a curva de juros a termo segue mais inclinada e o real desvalorizado.
Nesta segunda-feira, houve nova reunião de negociações entre a presidente da Câmara dos Representantes em Washington, Nancy Pelosi, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, mas sem avanços concretos. Pelosi disse estar otimista, afirmou que as partes precisam chegar a um acordo "o mais rápido possível", mas mencionou divergências entre republicanos e democratas para isso, como em um plano de testes nacionais para o coronavírus.
"A esta altura, alcançar um acordo antes das eleições parece improvável, se não completamente impossível", avalia a economista-chefe da corretora americana Stifel, Lindsey Piegza. Com isso, além do dólar em alta, as bolsas em Nova York caíram mais de 2% e o petróleo fechou em forte queda.
Além do impasse nas negociações, a economista da Stifel destaca que os Estados Unidos tiveram dois dias seguidos de recordes diários de casos de coronavírus. Assim, entra no radar a possível adoção de mais medidas de distanciamento social nos estados americanos, como vem crescentemente adotando a Europa. Nesta segunda, na Alemanha, a chanceler Angela Merkel anunciou novas medidas de restrição e alertou para a piora do cenário econômico.
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