O dólar teve pregão de fortalecimento generalizado no mercado internacional, após dias de queda, quando testou as mínimas em quase 3 anos. Ante o real, voltou a superar os R$ 5,40, em meio a novo desconforto com a situação fiscal do Brasil, com pressão em Brasília para aumentar gastos sociais diante do avanço da pandemia e flexibilizar o teto. Com isso, a moeda americana encerrou a quinta-feira no nível mais alto desde 16 de novembro (R$ 5,43) e foi grande a expectativa nas mesas de operação para atuação do Banco Central, o que acabou não ocorrendo.
No fechamento, o dólar à vista terminou o pregão em alta de 1,82%, cotado em R$ 5,3990. No mercado futuro, o dólar para fevereiro subiu 1,76%, a R$ 5,4150.
"A recuperação econômica melhor do Brasil se deu graças a um custo fiscal substancial", observa o estrategista do banco Société Générale, Dev Ashish. Assim, ele destaca que o espaço para elevar os gastos fiscais em 2021 é "não existente", ou seja, a situação que já é delicada e pior que outros emergentes, pode ficar ainda mais fragilizada, por isso a preocupação dos mercados, que tem se refletido no câmbio e na curva longa de juros, enquanto a Bolsa tem renovado recordes, hoje superando os 121 mil pontos.
E nesta semana, o noticiário fiscal não vem ajudando, segundo o mercado financeiro. O deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), candidato à presidência da Câmara, defende prorrogar o auxílio emergencial ou aumentar o Bolsa Família, por causa do crescimento dos casos de coronavírus. Ao mesmo tempo, o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) revelou que a Consultoria de Orçamento e Fiscalização da Câmara dos Deputados propõe uma mudança no teto de gastos da União.
O economista do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Robin Brooks, comenta que os participantes do mercado estão vendo a situação fiscal do Brasil com o risco de a dívida ficar "fora de controle". O resultado é o real muito desvalorizado. O IIF estima que o preço justo da moeda brasileira é ao redor de R$ 4,50.
"O dólar se descolou da onda azul", destacam os estrategistas de moedas do banco Brown Brothers Harriman (BBH) ao comentar o Congresso controlado pelos democratas em Washington. Enquanto as bolsas em Nova York tiveram dia de recordes, a moeda americana teve pregão de recuperação, influenciada pela elevação dos juros dos Treasuries.
O euro subiu ajudado por indicadores europeus mais positivos, enquanto os investidores buscaram risco com a perspectiva de mais estímulo fiscal nos EUA e mais crescimento econômico. O Goldman Sachs elevou hoje a projeção de crescimento americanos este ano de 5,9% para 6,4% e prevê novo pacote de US$ 750 bilhões neste primeiro trimestre.
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